08/05/2023 às 12h23min - Atualizada em 08/05/2023 às 16h00min

Segurança nas escolas, uma reflexão necessária 

Gerson Luiz Buczenko 

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Para muitas famílias e o público escolar de um modo geral, por muito tempo, o ambiente escolar foi sinônimo de segurança. Mesmo que os portões da escola ou colégio demorem para abrir, mesmo que o filho ou filha se atrase um pouco para chegar em casa, após o período escolar e, mesmo ainda que houvesse alguma pequena rusga interna, em sala de aula ou no intervalo entre alunos ou alunas, havia, até então, uma concepção de que o filho ou filha estava em lugar seguro.  

Infelizmente, aos poucos, esse quadro foi mudando e chegamos ao ponto extremo, ou seja, o pior aconteceu. No ambiente escolar, morreram professores, funcionários, adolescentes e crianças. Cala fundo em nosso pensamento imaginar a tristeza que pais e mães sentiram após esses atos de violência extrema. Cala fundo em nossas reflexões imaginar a revolta desses mesmos pais e mães pela perda de entes queridos. 

Mas, se temos uma sociedade na qual a violência se tornou uma realidade diária, em vários momentos do dia, mais cedo ou mais tarde, essa violência chegaria ao ambiente escolar.  

Só para se ter uma ideia da violência, o Relatório sobre Violência contra Meninas e Mulheres, emitido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que, nos primeiros seis meses do ano passado, mais de 29 mil vítimas de estupro do sexo feminino.  Os dados são ainda mais assustadores ao pensarmos na baixa notificação às autoridades policiais dos crimes sexuais”. O mesmo Instituto nos coloca em infográfico de 2023 que “33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais sofreram violência física e/ou sexual por parte de parceiro íntimo ou ex-companheiro. Número maior do que a média global, de 27% (OMS)”. Ainda, do mesmo Instituto, em seu Atlas da Violência 2021, registra-se que, “Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2019 houve 45.503 homicídios no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 21,7 mortes por 100 mil habitantes”. E, em relação ao ambiente escolar, segundo levantamento do G1, divulgado em 05/04/2023, foram mais de 10 ataques violentos praticados contra creches e escolas desde o ano de 2011, em todos os casos houve vítimas de lesão corporal grave e homicídio. 

Vemos que após o ocorrido no Centro de Educação Cantinho Bom Pastor muitas medidas foram adotadas por parte de autoridades federais, estaduais e municipais. Foram criados vários canais de comunicação para denúncias de ameaças e outros crimes praticados no ambiente escolar.  

Diante desse quadro, não há condições de deixar de lado, as questões que envolvem a segurança dos ambientes escolares, como muitos ainda tentam fazer. Há que se envolver toda a comunidade escolar e as autoridades constituídas no sentido de se repensar as questões tanto de segurança física, quanto de segurança pública.  

Existem inciativas louváveis em vários Estados da Federação, entre elas, podemos destacar a Patrulha Escolar Comunitária, feita geralmente pela Polícia Militar, bem como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), com uma aceitação plena da comunidade escolar e, especial, das crianças. No entanto, são atividades que, por vezes, sofrem solução de continuidade, em razão de outras prioridades estabelecidas pela gestão política.  

Creio que diante desse cenário de um filme de terror que não termina, algo deve mudar em relação aos ambientes escolares. É inaceitável que a violência chegue dessa forma às futuras gerações. Por fim cabe uma última reflexão. Pergunto a você leitor ou leitora, onde está o seu maior tesouro? Se a sua resposta foi direcionada à uma instituição bancária ou seu patrimônio, creio que devo discordar. Meus maiores tesouros estão na escola e se chamam, André Luiz com 16 anos e Davi com 07 anos.  

Gerson Luiz Buczenko é professor e Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Segurança Pública do Centro Universitário Internacional Uninter. 

 


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