26/04/2023 às 15h03min - Atualizada em 27/04/2023 às 00h00min

8 passos para as empresas rumo à sustentabilidade

Por Hermínio Gonçalves, CEO da SoftExpert Brasil

SALA DA NOTÍCIA Victoria
Reprodução Sebrae

Cada vez mais, amplia-se a compreensão de que empresas públicas e privadas precisam ter compromissos com a sociedade. Clientes, investidores, órgãos reguladores estão requisitando ações e metas com base nos pilares que envolvem o ESG. Essa adequação requer preparo por parte das organizações. 

 

Por mais que alguns temas tenham maior visibilidade para as partes interessadas, há algumas orientações básicas que se aplicam a todas as empresas. Pensando nisso, compilamos 8 passos essenciais para atingir maior sustentabilidade:

 
  1. Engajamento da alta liderança

O primeiro é o engajamento da alta liderança da empresa com a agenda de sustentabilidade. Como em qualquer adoção de normas, práticas ou estratégias, a alta direção precisa estar mais do que somente envolvida. É necessário que ela seja e aja como um exemplo e demonstre seu engajamento na causa. A mudança na cultura começa quando toda a companhia enxerga o valor da sustentabilidade e seu apoio de forma contínua.

 
  1. A governança da sustentabilidade

O nome parece complicado, mas aqui a estratégia é organizar e balancear as tarefas da agenda de sustentabilidade para que ela seja efetiva, integrada e corretamente gerenciada. Claro que isso vai depender muito do tamanho da sua organização, mas a criação de comitês funciona muito bem. Eles facilitam a integração dos aspectos ESG junto às políticas, processos, práticas e procedimentos do negócio. É importante que o comitê traga a diversidade dos membros, considerando grupos de minoria, para que tenha um colegiado com diferentes expertises e competências. 

 
  1. Elaboração de uma política de sustentabilidade

Assim como o 1º passo, a criação de uma política é essencial quando se quer que as estratégias de normas ou práticas façam parte da cultura da organização. Com a sustentabilidade, não é diferente. Há 3 possíveis maneiras de orientar a redação de uma política: por tema, por unidade de negócio e por área funcional.

 

Mas de forma geral, uma boa política precisa ser: curta, objetiva e compartilhada com todos os stakeholders. O ideal também é que a política seja tratada como uma informação documentada segundo a ISO 9001, com gestão de versão, identificação e descrição, fluxo de revisão, disponibilidade para uso quando necessário, proteção contra perda de confidencialidade e edição e controle de documento impresso incluindo distribuição, acesso, recuperação, retenção e disposição.

 
  1. Apoio e gestão de Stakeholders

A tradução livre do inglês traduz Stakeholders como partes interessadas. Dentro do mundo corporativo, o conceito se aplica a grupos e indivíduos que, de uma forma ou de outra, apresentam algum grau de influência e são impactados pelas decisões que a empresa toma, positiva ou negativamente. Alguns exemplos de Stakeholders são: clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores, sindicatos e investidores.

 

Dialogar com as partes interessadas permite que sua empresa entenda melhor os impactos gerados por suas atividades e defina suas estratégias de sustentabilidade. Nesse sentido, existem diversos canais que você pode utilizar para comunicação, dentre eles: pesquisas, reuniões individuais e coletivas, conferências, audiências públicas, conselhos e comitês, central de atendimento ao cliente e ao investidor, canais de denúncia e ouvidor, além das próprias redes sociais.

 

Além disso, a gestão de fornecedores é muito relevante para as empresas no âmbito ESG, principalmente àquelas em que fazem parte de setores de cadeia longa e envolvem atividades com potenciais impactos negativos. Além disso, dentro da cadeia de valor, outro ponto importante é o pós-venda, ou seja, o processo envolve as etapas de consumo e pós consumo, ou seja, também é primordial gerenciar os impactos do ciclo de vida do seu produto ou serviço.

 
  1. Entender o contexto de sua organização

O contexto corresponde à realidade da empresa e ao meio em que ela está inserida. Sua empresa precisa priorizar e integrar todas as questões relacionadas à sustentabilidade junto à estratégia do negócio. E como saber qual o contexto que você está inserido? Há três níveis que podem auxiliar: sustentabilidade, setorial e interno.

 

Dentro do contexto da sustentabilidade, considera-se temas globais mapeando requisitos e tendências regulatórias, riscos que afetam a sociedade e os negócios como todo e recomendações reconhecidas no universo da sustentabilidade. Os objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU são um excelente norte nesse momento. Contudo, é importante  a consideração de temas críticos no âmbito nacional, como temas relacionados ao combate à poluição e desmatamento.

 

Já no conceito setorial, ou seja, o setor que a empresa está envolvida, é interessante considerar normas ou frameworks reconhecidos para seu setor de atuação como por exemplo a GRI, o SASB, ISSB ou IFRS. O uso em conjunto dessas referências torna o estudo ainda mais completo. Existem ainda certificações específicas para cada segmento que podem complementar ainda mais. Por último, no contexto interno é importante avaliar qual é o momento atual da companhia. Fazer um diagnóstico de sustentabilidade, verificar as lacunas existentes e identificar oportunidades de melhoria com curto, médio e longo prazo são ações essenciais. 

 
  1. Estabelecer prioridades e estratégia de sustentabilidade

Após compreender todo o contexto da sua organização, o empreendedor se depara com diversos assuntos para gerenciar. A princípio, a percepção dos stakeholders é mais do que essencial na escolha das prioridades. Esta, em conjunto com a estratégia interna do negócio, vai compor a análise de materialidade. Na prática, existem diversas formas de se realizar essa avaliação, sendo a mais comum a elaboração de uma matriz de materialidade.

 

Após a definição de quem são seus stakeholders e os temas que podem ser abordados dentro do contexto visto na última etapa, faltarão apenas 3 novos passos. O primeiro é a avaliação interna. Os membros da alta direção devem avaliar internamente uma forma de priorizar os temas mais importantes para a organização considerando a estratégia do negócio.

 

O passo seguinte é fazer esse questionamento junto às partes interessadas. Elabore um questionário ou uma pesquisa formal para que os stakeholders identifiquem os temas de maior relevância para o negócio. O questionário pode ser construído de forma para que as partes interessadas avaliem a importância e o impacto de cada tema, podendo utilizar uma escala numérica, no formato de ranking ou de forma simples selecionando os mais importantes. Lembrando que dados quantitativos facilitam a análise e podem ser explicados visualmente.

 

No último, deve-se analisar as respostas e construir a matriz de materialidade. Aconselha-se confrontar a avaliação interna da alta direção com a avaliação dos stakeholders para obter um consenso dos temas relevantes. Em uma matriz você combina os dois eixos, ou seja, a importância do tema para as partes interessadas versus o impacto do tema para a empresa.

 
  1. Definir metas

É necessário estabelecer metas claras e objetivas para seus indicadores. Lembrando que dentro desse universo de divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade, é preciso ser transparente. Portanto, é importante expor tanto metas como indicadores e permitir um fácil monitoramento interno e externo.

 
  1. Relatar os resultados e desafios

A melhor maneira de divulgar todas as suas iniciativas é por meio de uma publicação de relatório. As empresas de capital aberto já devem publicar em jornal e enviar todo início de ano à CVM o relatório da administração prestando contas, bem focado nos resultados financeiros relacionados ao ano anterior. Dessa forma, tem sido cada vez mais frequente incorporar questões ESG nesses relatórios ou ainda divulgar e publicar relatórios específicos de sustentabilidade. Alguns frameworks como o GRI, SASB, IFRS podem ser utilizados para guiar a elaboração do relatório. Atualmente, estes ainda não são mandatórios, mas a tendência é que no futuro se tornem seja por lei ou até por imposição do mercado e dos investidores.

 

Mesmo que a empresa não seja de capital aberto, é importante também divulgar um relatório com as iniciativas, metas e resultados que você possui. Ele pode ser útil junto aos seus clientes e mercado, pois também serve como ferramenta de gestão, auxiliando no monitoramento e na divulgação dos seus indicadores e da sua estratégia.

 


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