18/04/2023 às 14h39min - Atualizada em 19/04/2023 às 20h05min

Reprodução assistida para pessoas transexuais: uma opção cada vez mais acessível

Com tecnologia avançada e conscientização, é possível realizar sonhos de formar uma família

SALA DA NOTÍCIA Carlos Lopes
https://sbra.com.br/
Reprodução

Com cerca de 1,4 milhão de pessoas trans no Brasil, muitas vezes o sonho de formar uma família pode parecer distante. Porém, a reprodução assistida vem se tornando uma opção cada vez mais acessível e promissora para esse público, com possibilidades como o congelamento de óvulos ou espermatozoides antes do processo de transição de gênero e a fertilização in vitro com doador anônimo. Segundo Emerson Cordts, especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida - SBRA, a atenção à saúde reprodutiva de pessoas transexuais é fundamental. 

"É importante que esses pacientes sejam orientados sobre as possibilidades de preservação da fertilidade, antes ou durante a transição de gênero, para que possam tomar decisões conscientes e planejadas em relação à sua vida reprodutiva. Isso vale tanto para os homens trans (que biologicamente são mulheres e teriam que congelar seus óvulos), quanto para mulheres trans (que biologicamente são homens, e teriam que congelar amostra seminal)", explica.

Estudos americanos revelam que a maioria das pessoas trans assume sua orientação entre 13 e 17 anos, o que leva ao processo de transição para o gênero com o qual se identificam. Na maioria das vezes, esse processo envolve a utilização de medicamentos hormonais para promover as mudanças corporais, comportamentais e sociais necessárias para se adequar à nova identidade de gênero.

De acordo com especialistas, é importante que as pessoas trans tenham acesso a informações claras sobre todas as opções disponíveis e que possam contar com o apoio de profissionais da área de saúde para tomar decisões conscientes em relação ao seu próprio corpo e identidade. Além disso, é fundamental que haja mais investimento em pesquisas para avançar cada vez mais na tecnologia médica voltada para a transição de gênero.

A tecnologia avançada na área da reprodução assistida tem possibilitado cada vez mais opções para diferentes públicos, e a comunidade trans não fica de fora. Ainda assim, é importante que os profissionais da saúde estejam preparados para orientar e acompanhar pacientes trans em todo o processo de tratamento, desde a escolha da técnica até o acompanhamento da gestação.

O tratamento hormonal contínuo que muitas pessoas trans passam bloqueia o "eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal", o que pode levar a um tratamento custoso e demorado de "detox" hormonal para retornar às condições fisiológicas do seu sexo biológico. “Esse processo pode levar até um ano, o que pode ser muito sofrível para o paciente que deseja captar óvulos”, afirma Emerson Cordts.

Cordts ressalta que para aqueles que desejam gestar, o processo é diferente, mas se o objetivo for simplesmente captar óvulos, é importante que isso seja feito antes do início do tratamento hormonal. Isso garantiria óvulos mais jovens e de melhor qualidade, além de evitar o conflito temporário de gênero que pode surgir durante o processo de "detox". O mesmo vale para mulheres trans que desejam congelar seus óvulos. 

Vale lembrar que a lei brasileira permite o acesso à reprodução assistida a todas as pessoas, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero. Por isso, é fundamental que haja cada vez mais conscientização e apoio para que todos tenham seus direitos de formar uma família respeitados. Com tecnologia avançada e conscientização, o sonho de ter filhos pode se tornar realidade para pessoas trans.


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