A governança de dados nada mais é do que o conjunto de práticas que organizações possuem para gerenciar a disponibilidade, usabilidade, integridade e segurança dos mesmos em sistemas corporativos. Seu objetivo é definir políticas internas que se aplicam ao controle do uso de dados e à forma como são coletados, armazenados, processados e descartados. De acordo com o levantamento realizado pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil, somente 23% das instituições possuem uma área direcionada a garantir a proteção de dados, considerando, inclusive, aquelas empresas que possuem informações sensíveis.
É importante compreender que toda empresa necessita de governança para se manter competitiva no mercado, já que, sem dados, não pode haver transformação digital ou ideias inovadoras. Atualmente, dados se tornaram um ativo valioso e, por isso, uma governança eficaz requer repensar seu design organizacional. Para isso, é essencial formar uma equipe de governança, além do comitê de direção e um grupo de administradores de dados que trabalham juntos para criar padrões, políticas e procedimentos de implementação e execução.
A governança de dados não pode ser apenas baseada em decisões, mas em filosofia e cultura empresarial. O problema é que a maioria dos programas de governança hoje é ineficaz, começando no topo, com aqueles que não reconhecem o potencial de criação de valor na governança de dados e resume apenas a um conjunto de políticas e orientações relegadas a uma função de suporte, executada pela equipe de TI.
Segundo a Pesquisa Global de Transformação de Dados de 2019, realizada pela McKinsey, 30% do tempo total das empresas foi gasto em tarefas sem valor agregado. Ou seja, sem uma governança eficaz, diversas inconsistências são criadas, oportunidades e recursos perdidos. Ao garantir que os dados estejam seguros, privados, utilizáveis e em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), além das políticas internas, a governança de dados permite escalabilidade e diminuição de esforços de integração, com uma quantidade de erros também menor.
Por exemplo, se os nomes dos clientes estão listados de forma diferente nos sistemas de vendas, logística e atendimento ao cliente, isso pode complicar a integração e criar problemas que afetam a precisão da inteligência de negócios, relatórios corporativos e aplicativos analíticos. A governança de dados possui três objetivos principais, que visam a criação de valor, controle e suporte de todos que possam acessá-los: quebra de silos, uso adequado e equilíbrio entre coleta e privacidade.
Há muito no que se pensar ao desenvolver uma estratégia de governança bem estruturada, mas com a equipe e o know-how certos é possível criar processos de gerenciamento e coleta eficazes e produtivos, além de estabelecer padrões futuros para a organização. Algumas empresas conseguem se destacar nas práticas de governança e, seguindo seus exemplos, irei listar algumas boas práticas que farão sua empresa ter sucesso e manter os dados seguros.
Segundo o estudo “The Digitization of the World from Edge to Core“, mais de 5 bilhões de consumidores interagem com dados todos os dias e, em 2025, esse número será de 6 bilhões, o equivalente a 75% da população mundial. Embora seja desafiador atribuir valor direto à governança, há exemplos indiretos: empresas líderes eliminaram milhões de dólares em custos de seus ecossistemas de dados, e a governança é uma das três principais diferenças entre empresas que capturam esse valor e empresas que não o fazem. Além disso, as que investiram pouco em governança expuseram suas organizações a riscos regulatórios, que podem ser caros.
Para garantir uma governança de dados que gere valor ao seu negócio, é necessário colocar em prática cinco pontos principais: adesão da liderança empresarial, que entenda as necessidades, destaque os desafios e limitações atuais; priorização dos ativos por domínios e por dados dentro de cada domínio; programas de governança de dados; implementação iterativa e focada para garantir que a governança crie valor rapidamente; e, por último, gerar entusiasmo e mudança de cultura, já que, quando as pessoas estão comprometidas, é mais provável que ajudem a garantir que os dados sejam de alta qualidade e seguros.
Diante de tudo isso, as organizações devem começar sua nova abordagem de governança fazendo as seguintes perguntas:
Geralmente é o Chief Data Officer (CDO) que supervisiona um programa de governança de dados e tem responsabilidade de alto nível por seu sucesso ou fracasso. Se uma organização não tiver um CDO, outro executivo C-suite cuidará das mesmas funções, sendo elas: aprovação e financiamento para o programa e um papel de liderança na sua criação e monitoramento. A implantação de sistemas de big data também adiciona novas necessidades e desafios de governança.
Os benefícios são diversos, desde melhor qualidade dos dados, custos de gerenciamento mais baixos, além de maior acesso às informações necessárias para cientistas de dados e outros analistas e usuários de negócios, melhorando a tomada de decisões. Por isso, a governança é fundamental para capturar valor por meio de análise e outras oportunidades transformadoras. A mudança de mentalidade é essencial para o sucesso quando se trata de estratégias de governança de dados.
*Walter Ruiz é Co-Owner - Business Development da OPUS Software,
empresa que há mais de 30 anos auxilia na transformação digital dos seus clientes