11/04/2023 às 10h47min - Atualizada em 12/04/2023 às 00h06min

Nunca abandone o lado “B”. Ele pode ser o verdadeiro “A”!

Por Lucas Carsalade, Diretor de Novos Produtos da Rethink*

SALA DA NOTÍCIA Luiza Menezes
Lucas Carsalade, Diretor de Novos Produtos da Rethink/crédito: Igor Silva Fernandes

Já faz alguns dias que voltei ao Brasil. Estava presente em um dos maiores e principais eventos de inovação e tendências do mundo, o SXSW, em Austin, no Texas. 

Desde cedo, confesso, sempre tive um pé atrás com eventos dessa magnitude. Filas gigantes, sensação de estar sempre perdendo alguma palestra ou discussão importante (vulgo “FOMO”). Diante disso, assim como costumo fazer nos eventos por aqui, procurei dosar a agenda entre temas quentes e assuntos “lado B” nos quais, geralmente, encontro as pedras preciosas que me fazem ficar pensando dias e dias em determinado assunto. 

Na minha crença, como contrarian que sou, é a partir desses assuntos que surgem as melhores ideias e, por que não, possíveis produtos e inovações.

Trabalho há mais de uma década com produtos digitais, mas venho de formações acadêmicas nas áreas de saúde e comunicação. Por essa razão, tenho um interesse específico – quase um hobby saudosista – em ouvir discussões sobre esses assuntos. Assim, uma palestra que fisgou a minha atenção de forma absurda foi a: “Digital Sedation – A New Alternative to Anesthesia”

Logo de cara, no título, há um chamariz para o digital, para a área da saúde e para a questão da anestesia – algo que sempre desperta os mais diversos sentimentos (medo, ansiedade, coragem etc.) e exige um bom nível de comunicação. 

Durante os quase 60 minutos que permaneci na sala, fiquei absolutamente encantado com tudo que ouvia da boca dos quatro participantes que discutiram de forma apaixonada sobre o tema. Explico: imagine um contexto em que todas as partes envolvidas em uma jornada de procedimento médico possuam dores latentes. Do lado do paciente, o medo de passar por uma cirurgia (por mais simples que seja) e o receio de morrer ou ter alguma sequela em decorrência de uma anestesia; da perspectiva de médicos e dentistas, a necessidade de lidar com a parte emocional do paciente e dos riscos envolvidos neste tipo de procedimento; por fim, sob a óptica de hospitais e planos de saúde, os elevados custos para processos anestésicos que, muitas vezes, são feitos não por necessidade extrema, mas sim para atender à questão psicológica do paciente.

O mercado americano já vem trabalhando o conceito de anestesia digital e isso se dá por meio da utilização de realidade estendida – ou “XR”. Falando em bom português, trata-se da adoção de instrumentos (dispositivos de realidade aumentada) capazes de levar o paciente para uma outra dimensão (como um mergulho com peixes e corais, por exemplo), mais confortável e livre de medos, sem que para isso ele precise ser apagado.

Obviamente, não se trata de excluir totalmente o processo de sedação de uma jornada cirúrgica, mas sim de trazer uma melhor experiência e conforto para médicos e pacientes, além de reduzir os custos envolvidos em um procedimento deste tipo. Para você, que trabalha em áreas de produtos ou negócios, independentemente do setor, isso não soa como música? Ora, no fim do dia, estamos falando de algo que gera muito valor para diferentes partes de uma mesma cadeia – justamente o que tanto buscamos no nosso dia a dia. 

Algumas questões, é claro, ainda precisam ser melhor discutidas e amarradas, por exemplo, a parte legal e como escalar a adoção desses mecanismos. Entretanto, uma coisa é fato: a semente inovadora já está plantada e, como sabemos, quando ela resolve problemas de tantas pessoas, não há mais volta. 

Essa palestra foi no segundo dia de evento e, mesmo já passado mais de uma semana, sigo com os neurônios em total euforia pensando no tema e em como associá-lo ao meu dia a dia, seja no aspecto pessoal (acho que nunca mais quero ser “apagado”, salvo em extrema necessidade) ou no profissional. 

Por fim, trazendo a questão para o dia a dia corporativo, o que fica nítido para mim é que as empresas precisam ser capazes de extrapolar o foco nas atividades que já tocam com maestria (o que as fazem 'ganhar o jogo' atualmente) e na atenção desprendida no tentador barulho gerado pelo mercado. Se eu pudesse dar um conselho, hoje, seria: nunca abandone o lado “B”. No fim do dia, ele pode ser o seu verdadeiro “A”.

 

*Lucas Carsalade é formado em Fonoaudiologia e Publicidade e Propaganda, com mais de 10 anos de experiência no gerenciamento de projetos digitais em grandes empresas e startups nos setores de educação, saúde, infantil, viagens e serviços de valor agregado (SVA). Além disso, é Diretor de Novos Produtos da Rethink, empresa que cria e repensa soluções digitais. Atualmente, conta com mais de 200 colaboradores e tem entre os seus principais clientes a Smiles, Comgás, Esfera, Gol e Abastece-aí.


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