16/03/2023 às 16h10min - Atualizada em 17/03/2023 às 00h05min

Março Lilás: vacina contra HPV e sexo seguro são as melhores armas contra o câncer uterino

O alerta é estratégico porque as taxas de imunização vêm caindo em todo o mundo de forma acentuada. Para ampliar o acesso à vacina, facilitar a logística de imunização e melhorar a cobertura vacinal, a Organização Mundial da Saúde acaba de recomendar esquema alternativo com dose única da vacina.

SALA DA NOTÍCIA Nora Ferreira
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Divulgação
No mês da Conscientização e Combate ao Câncer de Colo de Útero, celebrado em março, especialistas reforçam a importância dos métodos de prevenção deste tipo de tumor: o sexo seguro e a vacinação contra o papilomavírus humano. Conhecido por HPV, o vírus tem transmissão sexual e provoca mais de 95% dos casos de câncer uterino. “O microrganismo induz a mutações das células no colo uterino, fazendo com que cresçam de forma desordenada”, explica o médico Pedro Henrique Souza, da Oncologia D’Or. 

Apesar da importância da proteção por vacina, as taxas de imunização vêm caindo em todo o mundo. De 2019 a 2021, a cobertura vacinal da primeira dose caiu 25% para 15%. Para reverter o quadro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou recentemente a administração da vacina em dose única, como um esquema alternativo, para meninas, adolescentes e jovens entre 9 e 20 anos. A OMS se baseia em evidências surgidas nos últimos anos, mostrando que este esquema tem eficácia comparável aos regimes de duas ou três doses

No Brasil, a vacina é administrada na rede pública em duas doses  para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, com intervalo de seis meses. Para adolescentes, maiores de 15 anos, que não foram previamente imunizados, o calendário vacinal prevê três doses. O Programa Nacional de Imunização (PNI) oferece ainda vacinação para homens e mulheres até 46 anos, que convivem com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. A vacina está disponível na rede privada de imunização para pessoas entre 9 e 59 anos, a critério médico. 

“A recomendação da OMS é excelente porque vai ampliar o acesso à vacina, simplificar o esquema vacinal e melhorar a cobertura vacinal”, afirma o médico Pedro Henrique Souza. “É possível que outros tumores relacionados ao HPV, como o de pênis, orofaringe e vulva, também se beneficiem com esta nova estratégia de vacinação”, complementa o médico Eduardo Paulino, da Oncologia D’Or.

O câncer de colo uterino é o quarto mais frequente em mulheres, ficando atrás apenas dos cânceres de pele, mama e intestino. O Instituto Nacional do Câncer (Inca)  estima que em 2023 sejam diagnosticados 17.010 casos. “Infelizmente a maioria dos tumores  no Brasil são diagnosticados com a doença localmente avançada”, explica o médico Eduardo Paulino.

O HPV
Composto por mais de 200 subtipos, o HPV divide-se em grupos de baixo e alto risco. Os subtipos de baixo risco não provocam câncer, mas podem causar verrugas nos órgãos genitais, ânus, boca e garganta. Dos 14 subtipos de alto risco, dois deles – 16 e 18 – respondem por sete a cada dez casos de câncer associados a esse vírus. 

A infecção por HPV é muito comum, mas a maioria  é combatida pelo sistema imunológico. “Apenas em um pequeno porcentual de pessoas, o  HPV de alto risco persiste por muitos anos no organismo, levando a alterações celulares, que resultam em câncer, em especial no  colo uterino, vulva, ânus, pênis e boca,  principalmente língua e orofaringe”, explica o oncologista Cláudio Calazan, da Oncologia D’Or.  A contaminação pode ser evitada pela vacinação e pelo sexo seguro. O Ministério da Saúde recomenda a realização regular do exame Papanicolau em mulheres entre 25 e 64 anos.  

A doença e o  tratamento 
 Os sintomas mais comuns do câncer do colo uterino são sangramento e dor durante relação sexual, sendo frequentemente assintomático nos casos iniciais. Nos casos detectados muito precocemente, o tratamento consiste em cirurgia, com a retirada somente do colo uterino.  Segundo o oncologista Cláudio Calazan, na maioria dos casos é necessária a remoção do útero e do colo. Em quadros mais avançados, mas com o tumor ainda localizado no útero e tecidos vizinhos, recomenda-se a radioterapia e a quimioterapia. Na doença com metástase, é realizada a quimioterapia. 

Em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou dois novos imunoterápicos para o câncer uterino. Pembrolizumabe é recomendado para casos de metástase ou recidiva, após cirurgia, quimioterapia e radioterapia. O tratamento é associado à quimioterapia. Cemiplimabe  é indicado para mulheres com câncer metastático que avançou, após tratamento com quimioterapia. “Esses medicamentos abrem novas perspectivas, oferecendo maior controle da doença quando associados à quimioterapia”, concluiu o médico Pedro Henrique Souza.
 
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