13/03/2023 às 17h08min - Atualizada em 14/03/2023 às 16h00min

As mulheres também envelhecem

*Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori

Na 65ª edição da entrega do Grammy, em 05 de fevereiro, Beyoncé, uma mulher negra, se tornou a artista com maior número de premiações. Madonna, aos 64 anos, fez um discurso coerente e provocativo como sua personalidade e ressaltou a importância daqueles artistas que são considerados controversos ou rebeldes, pois estes são os responsáveis por criar coisas novas e abrir novos caminhos para serem trilhados.

Mas, infelizmente, como já dizia a música de James Brown e Betty Jean Newsome ainda na década de 1960: “This is a man’s world” (este é o mundo dos homens). E, de fato, não se prestou a devida atenção ao discurso, às palavras, à competência e à majestade de uma mulher que já fez tanto pela música e pela arte em seus 40 anos de carreira. Os comentários que mais repercutiram, lamentavelmente, estavam focados apenas em sua aparência e nos resultados dos procedimentos estéticos que realizou.

De modo persecutório, a sociedade se esqueceu que não estamos mais nos anos 80 e que este ícone da música já passou dos 60. Nas palavras da própria artista: “Um mundo que se recusa a celebrar mulheres com mais de 45 anos e sente a necessidade de puni-la se ela continuar obstinada, trabalhadora e aventureira”.

Em 12 de fevereiro, após uma longa pausa, Rihanna se apresentou no intervalo do Super Bowl. Um momento que era muito esperado por fãs do mundo todo. E, apesar da fenomenal apresentação, novamente estivemos diante de especulações que levavam mais em conta a sua aparência.

A imprensa mundial repercutiu, principalmente, as especulações a respeito de uma nova gravidez, tendo em vista que era possível perceber na cantora uma barriga mais volumosa. Uma crítica em especial, publicada em um famoso jornal nos Estados Unidos, ressaltou que a estrela fez ‘um retorno relaxado aos holofotes com um lembrete do seu catálogo estelar, mas não foi explosão suficiente para o que se espera neste palco em particular’.

Os rumores quase instantâneos de uma gravidez neste caso nos fazem refletir. E se este fosse apenas o corpo que ela tem agora? E se ela apenas tivesse mantido a barriga saliente após seu primeiro filho? Essa reflexão nos leva a encarar a dura realidade. A sociedade permite à mulher ser mãe, mas exige que ela retome a forma anterior ou ganhe um corpo escultural quase que imediatamente. Contrariando, a lógica e a fisiologia.

Em resumo, a sociedade se acostumou a não aceitar corpos femininos que não correspondam ao ideal de beleza padronizado, a não aceitar que as mulheres também envelhecem. Apesar de todas as conquistas das últimas décadas, ainda temos muito em que avançar. Gostaríamos de realmente comemorar o Dia Internacional da Mulher com a celebração da sua real valorização, das suas potencialidades, da sua capacidade e do seu sucesso.

*Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira é farmacêutica, especialista em Citologia Clínica, mestre em Ciências Farmacêuticas, Coordenadora de cursos de pós-graduação na área de Saúde no Centro Universitário Internacional Uninter


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