27/02/2023 às 16h47min - Atualizada em 27/02/2023 às 20h04min

A mudança na rotação da Terra e a influência no cotidiano 

Por Daniel Guimarães Tedesco e  Graziele Aparecida Correa Ribeiro 

SALA DA NOTÍCIA Valquiria Cristina da Silva Marchiori

Os sismólogos Yi Yang e Xiaadong Song, cientistas da Universidade de Pequim, defendem que o núcleo interno da Terra pode ter parado de girar ou mudado o sentido da sua rotação. É um assunto bem sério e que afeta (um pouco) nossa vida aqui no planeta. Em 1996, Song e o sismólogo Paul Richards descobriram que a esfera de ferro sólido no núcleo interno da Terra gira de forma separada em relação ao resto do planeta. A partir daí, diversos estudos foram realizados para compreender melhor esse fenômeno, e a equipe propôs a possibilidade de medição de velocidade de rotação do interior do planeta por meio da análise de ondas de abalos sísmicos específicos que atravessam o núcleo da Terra (método bem usado na Geofísica). 

Para explicar um pouco melhor, é importante destacar que o núcleo da Terra é composto por duas camadas: o núcleo externo, que é líquido e composto principalmente por ferro e níquel, e o núcleo interno, que é sólido e composto por um ferro-níquel sólido. A camada líquida é responsável por conduzir a corrente elétrica, que gera o campo magnético da Terra, enquanto a camada sólida é responsável por manter a estabilidade da Terra e suportar a camada líquida. 

A rotação do núcleo da Terra é influenciada por uma série de fatores, incluindo a circulação de material no núcleo, a transferência de calor entre as camadas do núcleo e a camada sólida, e as interações com o campo magnético da Terra. Além disso, a rotação do núcleo pode ser afetada por eventos sísmicos, como terremotos, e pelo aquecimento da Terra, que pode alterar a distribuição de massa no planeta. 

Voltando a descoberta, análises de abalos sísmicos de 1967 e 1995 indicaram que a rotação do núcleo mudou durante o intervalo. No entanto, análises recentes mostraram que houve pouca ou quase nenhuma alteração nas últimas décadas, o que sugere que o núcleo mais profundo da Terra está girando cada vez mais lentamente ou parando. Os cientistas acreditam que a rotação obedece a ciclos de cerca de 70 anos, variando de frente para trás. 

As causas dessa mudança de rotação ainda são desconhecidas, porém as implicações são conhecidas: as alterações do campo magnético da Terra, que acarretam desvios climáticos, mudanças na circulação das correntes oceânicas e na atmosfera terrestre. Essas alterações podem ocasionar ainda o aumento da atividade sísmica e vulcânica, que ao ter a mudança de rotação do núcleo, tem a sua distribuição de massa do planeta afetada. Parecem modificações bem significativas e alarmantes, mas que, nas proporções dadas, são pequenos desvios causados pelo fenômeno. Ou seja, não existe a princípio nada alarmante de fato. 

A descoberta da rotação mais rápida do núcleo da Terra é importante, porque pode fornecer informações sobre a dinâmica interna do planeta, incluindo a evolução de sua estrutura e seu campo magnético. Além disso, pode ajudar a melhorar nossa compreensão da dinâmica de outros planetas e corpos celestes. 

Graziele Aparecida Correa Ribeiro e Daniel Guimarães Tedesco são professores da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter. 

 


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