27/02/2023 às 08h47min - Atualizada em 27/02/2023 às 20h01min

Quais armaduras você veste?

Precisamos parar de romantizar o termo "mulher guerreira"

SALA DA NOTÍCIA Vero Lettera Comunicação

Você já foi chamada de mulher guerreira? É um elogio? Parece que sim, não é mesmo? Nas últimas décadas vem crescendo a normalização da mulher guerreira, descrita como uma mulher que cuida do marido, dos filhos, que estuda, cuida da casa, trabalha e luta pela carreira dela diariamente sem parar. Tudo isso mantendo um sorriso lindo, olhos brilhantes e não desistindo nunca. Ela tem força, tem sensibilidade, é guerreira e mulher de verdade.

Muitas mulheres se deixam levar por essa pressão e acreditam que devem ser ‘guerreiras’, que precisam ser fortes, indestrutíveis e presentes. Ao mesmo tempo, a maioria não tem uma rede de apoio com quem possa compartilhar as tarefas do cotidiano. Tudo cai em cima dela.

Na realidade, é uma armadura. Armadura essa que foi forjada para protegê-la de dores sofridas, para proteger feridas e ninguém encostar ou ver que elas existem.

Todo mundo acha maravilhoso a mulher forte e empoderada, mas não, ali dentro tem uma criança machucada que teve que colocar por fora uma capa de ferro para poder suportar o peso da vida. Não é bonito você elogiar uma mulher guerreira. Muitas vezes ela só precisa de um abraço, um colo para desabar. E quando decide procurar consolo, recebe um “você aguenta, é forte e isso vai passar”.

Muitas vezes, a mulher não precisa que diga algo, o nada pode ser preferível. Ela está procurando por um acolhimento, não uma saída. Só quer silêncio, só quer ser ouvida, sem julgamento, sem conselhos. O normal de hoje está contra essas mulheres, já que as pessoas não querem ouvir, só querem falar. Elas estão escutando e já processando o que vão dizer, mas não estão realmente ouvindo.

“É uma questão de se permitir lidar com a frustração. Isso vem lá da criança, que quando chorava, esperneava porque estava cansado, com fome ou tinha acontecido qualquer coisa. Ouviu sempre 'cala a boca', 'engole o choro', 'fica quieta', 'faz silêncio'. A mulher vai engolindo o choro e quando vê, acumulou tudo dentro de si mesma. Engoliu tanto choro que não se permite mais falar, então guarda para si própria”, explica Joseana Sousa, psicanalista e especialista em desenvolvimento humano, sobre o processo de se tornar uma “mulher guerreira”.

O mundo não é um lugar perfeito, e a mulher também não deveria ser e ninguém esperar que ela seja. Ser exemplo para futuras gerações é ótimo, mas dizer que uma mulher é guerreira é, também, romantizar suas dificuldades e o seu cansaço.

Serviço: Joseana Sousa
Pilota de aviões, psicanalista e especialista em desenvolvimento humano
Mentorias online e presenciais em Vitória-ES
(27) 99919-1108
Instagram: @joseanasousa
[email protected]
www.mentoriacaixapreta.com


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