24/01/2023 às 08h28min - Atualizada em 25/01/2023 às 04h05min

Ampliação de capacidade é um ponto crítico para portos brasileiros

Porto de Santos movimentou 5 milhões de TEUs em 2022, chegando quase no limite para o processamento de contêineres. Situação aquece o debate sobre privatizações no setor

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O Porto de Santos registrou em 2022 a sua melhor marca histórica, movimentando 162,4 milhões de toneladas de carga -- 10,5% a mais do que no ano anterior. Também houve recorde na movimentação de contêineres, que alcançou 5 milhões de TEUs (medida que equivale ao volume de um contêiner de 20 pés), 3,2% a mais do que em 2021 e 21% a mais do que em 2018.

No entanto, o porto paulista está se aproximando da ocupação total da sua capacidade para operações com contêineres, que é de 5,3 milhões de TEUs por ano. “A Autoridade Portuária de Santos (SPA) afirma que está prevista a construção de um novo terminal, que deve possibilitar o processamento adicional de 2,3 milhões de TEUs por ano. Esse tipo de ampliação é fundamental”, ressalta Pierre Jacquin, vice-presidente para a América Latina na project44, plataforma líder em visibilidade em tempo real para o transporte de cargas.

Segundo o especialista, investimentos podem evitar sobressaltos como os aumentos expressivos do dwell time (tempo de permanência de contêineres carregados nos portos, à espera das viagens) registrados nos últimos dois anos nos embarques de produtos pelo Porto de Santos. “De acordo com a plataforma da project44, em julho de 2021 e em agosto de 2022 o dwell time para exportações por Santos chegou a dez dias e a oito dias, respectivamente. Normalmente, o índice médio é de cinco ou seis dias. Novos aportes no porto paulista podem evitar gargalos e acelerar os fluxos das operações. Em certos portos de estrutura mais moderna, os tempos de permanência para exportações costumam ficar em dois ou três dias”, pontua Jacquin.

A situação do Porto de Santos, o maior do país, também aquece o debate sobre possíveis privatizações de autoridades portuárias O assunto ganhou força nas últimas semanas com as transições no Poder Executivo federal e nos governos de alguns Estados. Desde antes da sua posse, o novo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, tem dado declarações descartando, por exemplo, a desestatização da SPA. O novo ministro da Casa Civil, Rui Costa, no entanto, afirmou que não existe uma definição e que o assunto deve ser discutido. O comentário foi feito logo após um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Infraestrutura e novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 11 de janeiro.

“Há quem aponte a falta de casos de sucesso de outros países na privatização de autoridades portuárias. No entanto, diversos expedidores e transportadoras, além de especialistas, concordam que é preciso ampliar a capacidade operacional de Santos e de outros portos, e os governos enfrentam dificuldades imensas para investir”, afirma Jacquin. “Os portos são recursos estratégicos para a economia brasileira. É fundamental que eles recebam novos aportes, independentemente da natureza”.
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