10/04/2023 às 13h11min - Atualizada em 10/04/2023 às 13h08min

​Como tratar a obesidade de maneira integrativa?

@drleonardopimenta
Samantha di Khali - Samantha di Khali
A Organização Mundial de Saúde afirma: a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que temos para enfrentar. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, isto é, com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. No Brasil segundo dados da plataforma estudo ABESO, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. Dados da ABESO apontam a frequência de excesso de peso foi de 55,4%, sendo ligeiramente maior entre homens (57,1%) do que entre mulheres (53,9%). São aqueles famosos 10 kilos a mais que irão impactar diretamente em riscos claros a obesidade, diabetes e hipertensão arterial e futuramente a doenças cardiovasculares e câncer.
Em entrevista com Professor Doutor Leonardo Pimenta fala de uma forma direta sobre variações no tratamento da obesidade.
 
Importante salientar que não existe tratamento da obesidade tratada isoladamente somente com a nutrição (principal vetor modificável), exercícios físicos, remédios prescritos em medicina tradicional isoladamente e psicologia/psiquiatria para achar qual o gatilho de compulsão/ansiedade ou mesmo depressão, levando ao consumo exacerbado de alimentos engordativos.
 Todas estás áreas devem trabalhar em conjunto multidisciplinar, onde os dados alarmantes mostram que hoje o trabalho separado destas áreas da saúde não estão impactando de forma significativa na diminuição da doença obesidade.
No aspecto da medicina tradicional, de uma visão isolada e pragmática apenas na parte medicamentosa, os dados são avassaladores mostrando que a cada 10 pessoas que utilizam medicamentos para redução de peso, 9 voltam a engordar novamente, com o reganho de peso maior do que antes da utilização dos medicamentos.
Vários medicamentos em classes diferentes são utilizados isoladamente na esperança da perda do peso rápido sem modificação do estilo de vida, pois mudar requer organização e disciplina, enquanto que utilizar o medicamento agudamente é fácil, mas longe da real solução: Inibidores de apetite, aceleradores do metabolismo e ultimamente semaglutida, famosas injeções utilizadas em normalidade semanalmente, com custo alto, causa uma inibição na fome, sendo produzido um componente análogo de GLP1 , produzida via intestino, sendo criada principalmente para DIABETES do tipo 2, e não para perda de peso assim como descrito na bula do remédio. Os efeitos adversos como quaisquer medicamentos são inúmeros, principalmente com aqueles que não aderiram a uma estratégia alimentar, como dores de cabeça, náuseas e vômitos.
Do ponto de vista da reeducação alimentar, várias estratégias foram apresentadas para perda de peso, como a dieta cetogênica ( 8 a 12% de carboidratos, 50 a 60% de gorduras boas e o restante em proteínas de valor biológico considerável), mostrando inicialmente impacto em perda de peso “ na balança “, o que não expressa modificação no metabolismo, massa muscular e hormônios, da qual na maioria dos casos  realizada sem nutricionista/o funcional, paciente não estando adaptado a utilizar a gordura de seu corpo como fonte energética, utilizando massa muscular e proteínas que poderiam formar seu sistema imunológico e até seus cabelos, além de poder comprometer os hormônios tireoidianos, abaixando o metabolismo do paciente, comprometendo totalmente seu emagrecimento EM KILOS DE GORDURA, o que mais interessa dentro da OBESIDADE.
 
Do ponto de vista do exercício físico, mesmo sendo um Doutor na área da fisiologia do exercício, pouco se têm impacto inicial quando o paciente não faz uma reeducação alimentar efetiva. O déficit calórico famoso inicialmente, ou seja, gastar mais do que consome para pessoas obesas, faz todo sentido fisiológico, mas mesmo que ela faça uma caminhada, corrida ou HITT e gaste 650 Kcal por treino como exemplo, pouco adianta se a noite ela ingere 1000 kcal a mais do que precisa ao seu metabolismo total, não haverá emagrecimento consistente. Vale salientar que as modalidades de exercícios citadas acima são de caráter aeróbia, mais conhecidas pelo dispêndio de energia, porém a modalidade mais estudada hoje para vários benefícios metabólicos é a musculação (treinamento contra resistência), essa sim têm impacto no metabolismo do indivíduo, melhorando funções hormonais para ganho do músculo e melhora da famosa tireoide para acelerar a perda de gordura geral em seu organismo. Vale lembrar que obesos tendem a estar comprometidos articularmente, portanto antes de caminhar ou mesmo correr, fortalecer os músculos para executar um aeróbio competente e sem riscos a lesões.
 
Levando em consideração todos esses aspectos criamos o CENFE, com o objetivo de tratar de uma maneira completa o indivíduo e; estamos lançando também um portal, que terá um conteúdo de aulas para o aprimoramento dos profissionais de saúde e também trará informações para as pessoas que enfrentam problemas de obesidade e sobrepeso.
 
Nossa compreensão é de que tratar obesidade/emagrecimento não está de forma alguma contribuindo e impactando para diminuir o maior custo de saúde mundial e do Brasil. Ser obeso não é uma escolha de vida, ao contrário, é uma doença multifatorial que não pode ser isolada em apenas uma área da ciência da saúde. Como contribuição a minha clínica e anos de trabalho dentro desta doença, entendemos a necessidade do lançamento do nosso portal para as áreas de saúde interagirem de forma científica, unindo medicina, exercício físico, nutrição e aspectos psicológicos comportamentais desta doença que impacta em milhões de brasileiros e suas famílias.
 
Acompanhe o professor no instagram: @drleonardopimenta
 
Link
Leia Também »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp