14/02/2015 às 19h09min - Atualizada em 14/02/2015 às 19h09min

Impeachment: O estandarte do sanatório geral vai passar

Caio Manhanelli

Palmas pra ala dos barões famintos

O bloco dos napoleões retintos

E os pigmeus do bulevar

Meu Deus, vem olhar

Vem ver de perto uma cidade a cantar

A evolução da liberdade

Até o dia clarear

Vai Passar, Chico Buarque.

Domingo de carnaval, você está convocado para a folia! Vai ter Batman, Mulher Maravilha, Super Man, Deputado defensor de impeachment condenado por crime eleitoral e juiz torturador, os nossos heróis tupiniquins. Vai ter freiras, baianas de saias rodadas, repórter da Folha de São Paulo, e de todos os meios “noticiosos possíveis”, dizendo que tinham milhões nas ruas, mas que não sabiam quem estava pulando carnaval ou pulando o impeachment, ou os dois, afinal, “é carnaval, é hora de sambar”.

Choro de derrotado a gente conhece, tá tudo bem, mas coro de alienado só pode ser carnavalesco. Estamos vivendo um momento ímpar, todos acham que sabem do que estão falando, muitos jovens gostam de dizer que são politizados, mas já estão procurando seu abadá do bloco do impeachment, outros do bloco do antipetrália, ou ainda tem aqueles que já marcaram se encontrarem fazer volume na turma da pipoca do trio elétrico Avião pra Miami, todos regados a “uísque com água de coco” ou energético, ou cerveja feita com milho transgênico, afinal “tanto faz”, como tanto faz a música, mesmo no carnaval, “o que importa é a felicidade”.

É interessante ver doutores do direito como Ives Gandra (tributarista não?) forçando a barra, e assumindo sua contrariedade, quando defende a possibilidade de impeachment por “culpa”, mas foi contra a condenação de José Dirceu por falta de provas (http://bit.ly/1FbgjjF), em pormenores carnavalesco, hoje sustenta a “teoria do domínio do fato” que naquele tempo de outro escândalo terminado em aumentativo, ele rechaçava. Será que um dia ouviremos algo sincero dos juristas, ou sempre lhes chamaremos de “Aurora”? Dalmo Dallari, especialista em Direito do Estado, em entrevista ajuda a esclarecer os absurdos de seu colega tributarista, se você não quer ir para as ruas pular, pode ler aqui: http://bit.ly/1DScXAs.

Para não fazer feio nas redes sociais, e nas ruas desse próximo domingo de carnaval, o Dr. Fernando Neisser auxilia os foliões em entrevista apresentada como estamos acostumando-nos a consumir notícia, pegue e pague ou fast-food, de fácil leitura para nenhum folião parecer “bufão”, que pode ser lida rapidamente sem você perder seu tempo de farra: http://bit.ly/1zDtBxn.

Para não fugir do escopo dessa coluna, a “mítica” do impeachment, ou do “povo na rua” é algo que se manipula ao bel prazer de interesses de atores políticos influentes desde a Revolução Francesa, Robespierre foi vítima de sua própria manipulação, o monstro que criou virou contra si mesmo, manipulado por outros influentes daquela época. Aqui o mesmo se viu, apesar de ainda existirem crentes dos “caras pintadas”, com o caso Collor de Melo. Pedidos de impeachment surgem por todos os lados, em estados e até cidades, no Brasil, em Campinas houve um prefeito que perdeu o mandato em um processo deste.

Não é de surpreender que meios de comunicação como a Folha de São Paulo que já tiveram credibilidade (não vou citar a VEJA pois esse nunca teve credibilidade de fato), entrarem na onda das faltas e desinformações lançadas pelas redes sociais, afinal, hoje, a escalada de notícias ou pseudonotícias começa justamente entre blogs, Facebook e Twitter. Desde muito alertamos para a ilusão das impressões tiradas de redes sociais para avaliação de mandatos ou de cenários políticos. Obviamente, qualquer coisa que fale mal da atual presidenta ganhará volume nas redes, as eleições deixaram bem claro que a votação foi bem dividida.

Não surpreende grandes meios de comunicação dando respaldo para esse tipo de (não) notícia que espalha desinformação e não faz questão de informar, pois eles também entraram na era das notícias pegue e pague. O que dá dinheiro nas redes sociais são cliques, visualizações e compartilhamento, pois assim se ganha com publicidade nos veículos virtuais. Por acaso os grandes meios de comunicação se voltaram para a atividade virtual também, e lá também dá dinheiro para eles. Claro que em uma lógica dessas é muito melhor que as pessoas leiam menos para terem oportunidade de lerem “mais” matérias do que para lerem uma matéria grande, e nosso vício em compartilhar e interagir fazem com que mal tenhamos lido o título todo já estamos postando em nossas redes sociais aquilo que queremos ler, aquilo com o que já concordamos.

Por que então tem “mais gente” falando de impeachment ao seu redor do que gente falando contra? Basicamente porque você deve estar associado a mais gente com acesso à internet e que tem mais tempo no meio virtual, logo com gente que tem mais dinheiro, porque para quem está todos os dias na rua, levando horas em um ônibus para ir e voltar do trabalho, ou que está trabalhando de fato ao invés de ficar no Facebook, a farra do carnaval deve ficar só no “alalaô” mesmo. Alias, cadê o José Simão?!?! POHHH?!?! Manifestação pra tirar presidente no domingo de carnaval só pode ser piada pronta! Realmente, o Brasil é o país da piada pronta... A fato, ele está na Folha...

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