25/06/2021 às 07h45min - Atualizada em 25/06/2021 às 11h34min

Salles deixa rastro de destruição e caminho aberto para a boiada passar

No meio do Ambiente

No meio do Ambiente

Vamos mergulhar em um tema essencial para o desenvolvimento da humanidade no sec XXI e você que está no meio do ambiente não pode ficar de fora!

André Castro Santos e Flávia Bellaguarda
Fonte: DCM

Um mês atrás, trouxemos nesta coluna o processo agonizante pelo qual passava o Ministério do Meio Ambiente na gestão de Ricardo Salles. Na época, o então ministro havia sido alvo de operação da Polícia Federal que apura suspeitas de corrupção, prevaricação e contrabando de madeira.

 

Anteontem (23/06), Salles foi exonerado do cargo, conforme divulgado, a seu pedido. Desde sua criação, em 1992, nunca o Ministério do Meio Ambiente havia sido comandado por alguém deliberadamente contra a pauta ambiental. Em todos os dias de sua gestão, o ex-ministro operou uma política nefasta do Governo Federal, anti-ambientalista e que ignora por completo todos os preceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável. 

 

Mas, afinal, com a saída de Salles, há o que comemorar?

 

A despeito do ímpeto de comemorar a saída do agora ex-ministro, permanecemos céticos. Salles não era o idealizador do desmonte da política e da governança ambiental. Apenas cumpria ordens da presidência da república, o que indica que nada de substancial mudará. Neste sentido, é simbólico que, no mesmo dia da exoneração, o Projeto de Lei nº 490/2007 tenha sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, proposta que prevê aproveitamento econômico, mas principalmente destruição, garimpo e grilagem de terras indígenas. Ou seja, a boiada de retrocessos continua passando a todo vapor.

 

A pasta do Meio Ambiente deve ser ocupada por Joaquim Álvaro Pereira Leite, antigo membro da Sociedade Rural Brasileira e, até anteontem, subordinado de Salles. O ideal seria que a pasta fosse ocupada por alguém comprometido com o meio ambiente e não com o agronegócio. Ainda assim, a pasta ser ocupada por profissional ligado ao agro não deveria ser um problema em si, caso o governo demonstrasse comprometimento com o desenvolvimento sustentável e com a compatibilidade entre as atividades econômicas e a manutenção do equilíbrio ecológico. Contudo, o governo federal escolheu aliar-se à ala mais reacionária do agronegócio, negacionista por essência e gananciosa por método. Portanto, as perspectivas não são as melhores. Será a futura gestão de Joaquim Leite suficiente para alterar este cenário?

 

Esperamos que o novo ministro seja mais competente que seu antecessor e que sua missão seja a real proteção do meio ambiente, o diálogo e o compromisso com a conciliação entre as atividades econômicas e a manutenção do equilíbrio ambiental.

 
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