19/06/2020 às 21h45min - Atualizada em 19/06/2020 às 21h38min

Isolamento social criou novas tendências e oportunidades para o mercado imobiliário, afirma especialista

O consultor e especialista do mercado imobiliário Rafael Scodelario aponta que, na verdade, o que acontece hoje com a covid-19 é algo que tem se repetido ao longo da história e que pode voltar a acontecer no futuro

consultor e especialista do mercado imobiliário Rafael Scodelario - Foto: Reprodução
As consequências econômicas associadas à pandemia do novo coronavírus são uma triste realidade no Brasil e em todo o mundo. O isolamento social, até aqui visto como uma medida necessária de combate ao espalhamento rápido da doença, ainda não tem previsão de ser totalmente encerrado, e pouco se sabe como a economia irá se portar no pós-covid-19, trazendo reflexos em todos os setores, inclusive no mercado imobiliário.

O consultor e especialista do mercado imobiliário Rafael Scodelario aponta que, na verdade, o que acontece hoje com a covid-19 é algo que tem se repetido ao longo da história e que pode voltar a acontecer no futuro: “ainda que não seja uma pandemia como a que vivemos hoje, sempre existiram e sempre irão existir imprevistos que irão abalar as nossas estruturas de algum modo. Embora cada uma dessas intempéries trouxe consigo efeitos adversos no emprego e da renda, também trouxe oportunidades para empresas se reinventarem, modificarem produtos, criarem e aderirem a novas tecnologias e disputar novas fatias de mercado. O passado recente brasileiro é rico em exemplos deste tipo de oportunidade e nos mostra como o bom aproveitamento destas pode muitas vezes reverter os efeitos negativos para algumas empresas e consumidores, ou pelo menos fazer com que nos tornemos mais eficientes quando o ciclo de baixa se encerra.” 
 
Mercado imobiliário: oportunidades e aprendizados 

Scodelario aponta que no Brasil nos últimos 5 anos, o mercado imobiliário passou por uma das piores crises do setor e as consequências foram sentidas de maneira ampla pelos seus diversos segmentos: “a demanda apresentou baixo crescimento no período, o que fez com que as transações ocorressem em ritmo relativamente lento, e os preços de maneira geral ficassem estagnados, em termos nominais. Porém, mais uma vez, as oportunidades surgiram e aqueles que as aproveitaram se deram bem, em plena crise.” 
 
O especialista aponta que no mundo todo, jovens vinham ganhando importância enquanto consumidores de imóveis, com preferências bastante distintas das gerações anteriores: “a procura por aluguel ganhou força frente ao tradicional sonho da casa própria, cresceu a demanda por imóveis mais bem localizados (em geral nas regiões mais centrais das grandes capitais, onde está o emprego) e mais compactos. A tecnologia ajudou também, trazendo novas modalidades de transporte que modificaram o perfil dos imóveis desejados pelos consumidores, pela redução dos custos de deslocamento entre trabalho e moradia. Inovações nos métodos de financiamento e funding do crédito imobiliário também ocorreram em boa quantidade do Brasil. E agora com a covid-19 essas preferências e necessidades vão se alterar novamente.” 


 
Quais são as oportunidades agora?

Hoje, apesar de todos os pontos negativos advindos não apenas na economia mas da emergência sanitária e humanitária causadas pelo novo coronavírus, as oportunidades ligadas à pandemia e ao isolamento social já estão surgindo: “ Com o distanciamento social, enquanto muitas pessoas ainda estiverem trabalhando de suas casas, consequentemente também deve haver queda de preços e transações. Ainda neste nicho, devemos observar primeiramente a queda nos preços de aluguel, seguidas pela depreciação dos preços de compra e venda, já que a aluguéis mais baratos, os imóveis comerciais também se tornam menos atrativos enquanto investimentos. Já para o segmento residencial, que também sofrerá impactos negativos, a queda no volume de transações e preços deve ser menos acentuada, porque a necessidade básica de moradia sustenta mais firmemente a demanda residencial, em especial no mercado de locação. Neste aspecto, pode surgir um primeiro tipo de oportunidade: para fins de investimento (compra de um imóvel para fins de rendimentos do aluguel), imóveis residenciais devem se tornar relativamente mais atrativos do que os comerciais durante o período de crise, caso a expectativa de menor queda dos preços de aluguel residencial se confirmem. Se na crise atual os preços no mercado de aluguel residencial se mostrarem de fato mais resilientes do que os preços de outros ativos (imobiliários e financeiros), certamente haverá espaço para mais investimentos nestes novos fundos e tipos de imóveis, a retornos relativamente mais altos do que em investimentos alternativos.”
 
Oportunidades pós covid-19

As oportunidades não serão limitadas apenas a preços, oferta e demanda. Há uma espécie de consenso entre especialistas que o distanciamento social deve mudar as relações de consumo da sociedade, não apenas causando uma diminuição relativa no volume de transações presenciais durante a crise, mas também permanentemente, devido aos traumas que o quadro atual de contaminação deve deixar.

Deste modo também, a maneira como imóveis serão transacionados dificilmente será igual a como era feito antes da pandemia: “E já existem tecnologias a serem aproveitadas como aplicativos e ferramentas de avaliação online, visita virtual, showrooms, registros imobiliários virtuais, dentre outras. Observar tais tecnologias mais disseminadas e funcionando no mundo desenvolvido também traz uma perspectiva otimista para o mercado imobiliário brasileiro. Esgotar cada uma das possibilidades que a crise vai trazer, neste momento, é praticamente impossível. Muitas delas ainda devem surgir durante o decorrer da pandemia e seus reflexos. Outras não são tão fáceis de se enxergar agora. Por isso é preciso estar atento, informado, ter coragem e visão clara para não as desperdiçar. E algum otimismo, em meio ao caos”, conclui o especialista.
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