12/02/2020 às 17h47min - Atualizada em 12/02/2020 às 17h47min

É impossível que ainda haja sequer um apoiador do governo Bolsonaro

Léo Coutinho

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Léo Coutinho

É impossível que ainda haja sequer um apoiador do governo Bolsonaro. Não pode haver. Daqui pra frente, definitivamente, quem apoiar o bolsonarismo deve ser tratado por cúmplice.

Nem falo de Adriano da Nóbrega, miliciano morto no domingo passado, na Bahia, pelas polícias daquele estado e do Rio de Janeiro. Ex-comandante da tropa de elite da PM fluminense, o ex-militar estava foragido e foi morto numa emboscada que a versão oficial quer transformar em troca de tiros. Curioso tiroteio entre um batalhão e um homem cercado que não deixa vestígios.

Apelidado de Urso Polar em função do porte físico e da frieza emocional, o miliciano hibernou por um ano até ser morto no sítio do vereador Gilsinho de Dedé, do PSL de Esplanada-BA. Hibernou tão quietinho que foi esquecido pelo ministro da Justiça Sérgio Moro, que o excluiu da lista dos 27 criminosos mais procurados no Brasil.

Alvo do Ministério Público do Rio, que cercou membros do chamado Escritório do Crime, milícia fluminense que extorque, tortura e assassina, Adriano já tinha sido preso três vezes por assassinato e tentativa de, mas acabou inocentado. Em tais ocasiões foi defendido por Jair Bolsonaro e condecorado por Flávio Bolsonaro, que empregava em seu gabinete a mulher e a mãe do miliciano.

Amigo de quartel de Fabricio Queiroz, por sua vez amigo há quarenta anos de Jair Bolsonaro, segundo o MP-RJ o miliciano cedia suas contas bancarias para o faz-tudo do atual presidente da República operar o dinheiro da rachadinha recolhido entre os funcionários do gabinete de Flávio.

Antes de morrer, Adriano revelou temer ser vítima da chamada queima-de-arquivo, que é quando um bandido mata seu comparsa buscando o silêncio eterno. A quem interessaria Adriano morto?

Para citar só mais três ministros muito falantes deste governo, o analfabeto funcional da Educação insiste que fez o melhor ENEM da história e nomeia um criacionista declarado para a presidir a Capes.

PaGue, da Economia, xingou de parasitas os funcionários públicos e embolou sua agenda de reformas: da administrativa, atropelada pelo próprio Guedes, tentou mudar de assunto para a tributária, atropelada pelo presidente da República em blefe contra os governadores, e agora já se fala em pacto federativo, ou justamente a ordem inversa do que havia sido proposto. É um desgoverno completo.

A terceira seria Damares Alves, da Família, com sua campanha de celibato para jovens prevista para o carnaval, e a ideia de impor aos beneficiários do Bolsa Família um tipo de coaching “para ensinar uma mãe a ser mãe”. (A confusão no Bolsa Família já soma um milhão de pessoas nas filas das cidades mais pobres do Brasil.)

Como se não bastasse o que está acima e muito mais, ontem na CPMI das fake news um depoente mentiu copiosamente e insultou a repórter da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello, sugerindo que ela ofertava sexo por notícia. É asqueroso, abjeto, inominável. Mas como tudo pode piorar, o filho ZeroTrês do presidente da República, deputado Eduardo Bolsonaro, endossou a canalhice em suas redes sociais.

Por tudo isso encerro repetindo: ninguém mais pode ser apoiador deste governo. Quem quiser insistir, acostume-se a ser tratado por cúmplice.

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