14/03/2014 às 12h56min - Atualizada em 14/03/2014 às 12h56min

Desespero Eleitoral dos Broadcasters

Primeiro proíbe-se telemarketing, agora Internet para a difusão de mensagens políticas eleitorais. A lógica restritiva está se fundamentando no "conforto do povo" (ou no desconforto), que se sente "incomodado" com propagandas eleitorais.

Caio Manhanelli

Sim claro, foi sempre alimentado pela grande imprensa que políticos são coisas ruins e incômodas, mas até hoje não se possibilitou o voto facultativo, esse sim, um grande incomodo. As mídias alternativas estão superando os grandes clichés clássicos de campanhas eleitorais e do mercado comunicacional em geral, on demand, Internet, telefones, cada um desses meios tem mordiscado uma fatia da grande mídia televisiva e radiofônica. Até as rádios, o primeiro canal a sofrer o baque em São Paulo, teve de se segmentar e se renovar. De grão em grão a grande galinha tem emagrecido, e a força dos donos de TV e rádio tem se perdido, ou se abalado, os forçando a repensar e assimilar o novo comportamento de consumo de informações que tem surgido.

Agora pensemos, se a preocupação fosse com o conforto, não seríamos obrigados, todos, a votar, sancionados se desobedecermos à lei, que nos impele a ir às urnas. Não se pode discutir política antes que te permitam (três meses antes da eleição), afinal, política, futebol e religião não se discutem. Tabus, justamente esse conceito antropológico, serve para calar e acomodar as mudanças dos novos tempos, o pensamento livre e racional sob a égide da tradição que não aceita ser questionada, pois se for questionada será ameaçada, e ameaçados também estarão aqueles que confortavelmente exercem o poder.

Se não fossemos obrigados a votar, os políticos seriam obrigados a fazer suas discussões (e propagandas) antes, chamando o povo às urnas, mas arriscando mais, pois se exporiam mais. Mas mais do que se expor, seriam mais legítimos, mais legitimados pela população, o que certamente atrapalharia um pouco essa grande mídia e esse império aristocrático dos executores desse legalismo torpe e antidemocrático de colocarem os políticos, representantes do povo, base do sistema representativo, portanto, resultados do "sagrado voto", nessa situação de reféns em que vivem hoje.

A questão é que se são os políticos reféns de Jabores e Joaquins hoje, os eleitores também viram reféns. Enquanto eleitores, só votam, mas em outros momentos são cidadãos, que sim, em primeira instância são “reféns” dos arbítrios de prefeitos que pintam faixas e aplicam “políticas públicas” na calada da noite, mas estes acabam sendo reféns de TCs, juízes e mídia, pois, qualquer decisão que tomem pode ser anulada ou barrada pelo judiciário e criticada por “formadores de opinião”. Seria ótimo, se esses dois espaços de poder não fossem justamente espaços de poder, pois, uma vez que há disputa dentro desses locais, uma vez que são posições privilegiadas de exercício de poder, são politicamente influenciáveis. E pior, não foram eleitos, isto é, não são pessoas que se preocupam com a opinião do povo, pois não importa muito o que o cidadão realmente diz, já que há estabilidade em suas posições e não precisam passar pelo crivo do voto.

No limite, se são os políticos reféns dessa lógica de exercício de poder, são também os eleitores, então são os cidadãos, por fim, quem está refém de interesses mesquinhos é a própria Democracia Representativa, que sofre os desmandos desesperados dos broadecasters brasileiros, tendo cada dia menos canais por onde acessar os cidadãos, que devem permanecer achando que políticos são todos corruptos e que política é algo ruim. O desespero está justamente no fato de que, de forma alternativa, muitos estão começando a pensar que fazer política pode até ser ruim, mas começa a ser necessário para seu dia a dia...

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