11/10/2013 às 12h44min - Atualizada em 11/10/2013 às 12h44min

Belgas ou francesas? Persiste o mistério sobre a origem das batatas fritas.

Os franceses e os belgas optaram por caminhos diferentes. Para os primeiros, as fritas acompanham a carne, normalmente um bife, enquanto os belgas costumam comer sozinhas

Regiane Bonafé - O Receitando

Alguns afirmam que nasceram em uma ponte de Paris, outros na ribeira do rio Meuse: franceses e belgas reivindicam a paternidade das batatas fritas, um prato emblemático cujas origens impregnam a cultura popular dos dois países. “A batata frita é filha da cozinha da rua, da baixa gastronomia. Por isso é difícil estabelecer sua certidão de nascimento”, explica a historiadora francesa Madeleine Ferrière.

O mistério das origens do bastão que frita no óleo quente intriga os especialistas da gastronomia, em particular na Bélgica, onde faz parte do patrimônio nacional. “Os belgas adoram as batatas fritas, mas não houve nenhuma pesquisa científica a respeito ultimamente”, afirma Pierre Leclerc, professor da Universidade de Liège, em um debate sobre “as origens da batata frita”, realizado recentemente em Bruxelas pelo encerramento do ano da gastronomia, Brusselicious.

Esta dúvida histórica fez prosperarem as hipóteses e inclusive as lendas.

Na França se fala da “batata frita Ponte Nova”, que teria sido inventada por vendedores ambulantes na ponte mais antiga de Paris após a Revolução de 1789. “Propunham fritos, castanhas quentes e pedaços de batata dourados”, afirma Madeleine Ferrière.

Esta tese esteve em voga por muito tempo, em particular entre os escritores.

“O sabor das batatas fritas é parisiense”, afirma Louis Ferdinand Céline em sua obra Viagem ao fim da noite.

Mas, para alguns belgas, a batata frita nasceu em Namur, no sul do país. Seus habitantes tinham por hábito pescar no Meuse peixes pequenos que depois eram fritos. Mas em um inverno particularmente frio que congelou o rio em meados do século XVII, cortaram as batatas em forma de pequenos pescados, segundo Pierre Leclerc, que conta esta história, embora não a considere muito plausível.

“Na realidade, não importa a procedência da batata frita. O importante é sua implantação”, afirma Roel Jacobs, especialista cultural em Bruxelas.

“Os franceses e os belgas optaram por caminhos diferentes. Para os primeiros, as fritas acompanham a carne, normalmente um bife, enquanto os belgas costumam comer sozinhas, acompanhadas de um molho”, afirma.

“Nós belgas convertemos a batata-frita em um produto nobre, e não um simples vegetal”, afirma Albert Verdeyen, cozinheiro e co-autor do livro “Francamente fritas”. “Mas, sobretudo, controlamos melhor que ninguém a arte do duplo cozimento, para que saiam douradas e crocantes”.

Enquanto os franceses a comem com um garfo em um prato, no restaurante ou em casa, os belgas preferem apreciá-las com os dedos, a qualquer hora.

Foi desenvolvida uma rede de “Fritkot”, barracas de batatas fritas localizadas em praças, ruas ou diante de estações de trem. “Há 5 mil barraquinhas de batatas fritas e mais de 90% dos belgas compram ao menos uma vez ao ano”, afirma orgulhoso Bernard Lefèvre, presidente da União de “Friteiros”.

“Ir a um posto de batatas fritas é o cúmulo da essência de ser belga”, afirma Philippe Ratzel, proprietário da barraca Clémentine, uma das mais populares de Bruxelas. “Aqui, uma pessoa pode se encontrar com a velhinha que para enquanto passeia com seu cachorro, com um estudante ou com o ministro que mora na vizinhança”.

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