11/07/2017 às 22h22min - Atualizada em 11/07/2017 às 22h22min

A relação do jornalismo com as redes sociais: seus prós e contras

Seja você um blogueiro, digital influencer ou jornalista, essa reflexão vale para todos!

Priscilla Silvestre
Divulgação e Mídia Boom
Eu, como jornalista, tenho uma opinião de “amor e ódio” quanto ao assunto jornalismo e redes sociais. E irei explicar isto durante o texto.

Interpreto as redes sociais como grandes aliadas do jornalismo no sentido da disseminação da notícia. Por quê? Pois dentro de grande parte delas, como o Facebook, podemos participar de grupos específicos sobre determinados assuntos, o que nos permite atingir com mais intensidade as pessoas que se interessarão pelo tema do material produzido e compartilhado.

Deste mesmo modo, o mundo da Internet nos aproxima de maneira mais fácil de possíveis fontes, incluindo artistas. Quantos deles eu já não entrevistei mediante uma mensagem privada via Instagram e Twitter ou achando com facilidade o contato da assessoria de imprensa deles pela Fan Page ou no próprio site?

Além de tudo isso, a tecnologia nos permite ampliar nosso mailing de um jeito ágil. Grupos de Whatsapp compostos por assessores de imprensa e jornalistas de redação proporcionam grandes inserções na mídia pelo simples fato de oferecermos uma pauta durante as conversas. Essa aproximação não tem barreiras, onde encontramos desde blogueiros a editores de grandes veículos de comunicação em um único lugar.

Como assessora de imprensa também vejo as redes sociais como um trunfo de disseminação das mídias em que meus clientes são inseridos. Não somente nas minhas, mas nas deles, mostrando que o meu trabalho está dando resultados e, assim caindo em um tipo de vantagem individual. Isto porque juntamente ao propósito de divulgar o meu assessorado, busco mostrar a outros potenciais clientes o meu trabalho e os retornos equivalentes que eles possam ter ao me contratarem.

 

Crédito: Mídia Boom

Crédito: Mídia Boom

Uma postagem e muitos compartilhamentos: como ganhar no bingo

A pluralidade que as redes sociais nos trazem também é algo bastante valioso. Podemos ser vistos em qualquer lugar do mundo, por diversos nichos que nem sempre são as “personas” que pretendemos atingir com as nossas matérias, contudo, que possam levar este conteúdo àqueles que acreditam se interessar por meio de um simples compartilhamento ou retweet.

E é esta necessidade de criatividade constante que nos instiga, como jornalistas, a querermos aprimorar cada vez mais a nossa maneira de trabalhar.

O profissional de marketing Gabriel Rossi esclarece esta questão em seu artigo para a ESPM (Escola Superiora de Propaganda e Marketing). “Não basta ser diferente nos dias atuais, é necessário ruptura e evolução constantes por parte das mídias, numa postura em que nada mais é garantido. O novo consumidor quer ser surpreendido e levado para novos territórios. Relevância significa identificar tendências e incorporá-las em estado de evolução constante”.

 
O lado escuro das redes sociais vinculadas ao jornalismo

O que encaro como “tenebroso” nesta relação é a eterna luta contra blogueiros, youtubers e afins, que, de uma maneira ou de outra, estão praticando o jornalismo. Não da mesma maneira que é ensinada na universidade, entretanto, se levarmos em conta que eles estão gerando informações e formando opiniões, podem se enquadrar em um novo estilo da profissão.

Sendo assim, de que adianta estudarmos quatro anos em uma faculdade, nos afundarmos em livros, materiais bibliográficos, práticas do cotidiano, lapidação de como levar os conteúdos de uma maneira peculiar e rica às pessoas, se qualquer um pode ter um alcance de leitores muito maior?

Outro ponto que ressalto como negativo é a busca por “likes”. Não só nas assessorias de imprensa, mas nas redações em si, o alcance de uma matéria compartilhada em uma Fan Page ou a quantidade de curtidas faz com que profissionais, dos mais novos aos grandes chefes, vivam mensurando este tipo de qualificação. Só que ter 10 mil pessoas alcançadas não significa que todas leram o material compartilhado. Ou seja: hoje se dá mais valor à disseminação do conteúdo ao quanto de leitores ele realmente atingiu.

O imediatismo que a Era Tecnológica nos inseriu é, em meu ponto de vista, uma maneira de empobrecer o jornalismo. Grandes reportagens, em que diversas fontes opinam e dão seu argumento sobre um mesmo assunto, levando ao leitor diversos tópicos para que ele mesmo crie a sua opinião, são raridades atualmente. Temos de abastecer sites com muita quantidade e pouca qualidade.

A própria prática da leitura na web fez com que não só as gerações X e Y cheguem somente até o segundo ou terceiro parágrafo de uma matéria on-line, mas a todos que estão lendo. Hoje somos imersos em diversas regras, com números padronizados de caracteres para o título, olho, linhas de parágrafos e tamanho do texto, deixando para as imagens e outras cybermídias o maior enfoque da produção. A regra de que “uma imagem vale mais do que mil palavras” nunca foi tão utilizada como hoje. E os textos bem elaborados estão morrendo cada vez mais com isto.

Outra ressalva que considero perturbadora é o modo de produção de conteúdo para a web com palavras-chaves posicionadas de maneiras estratégicas, para subir no ranking de busca do Google. Colocá-la no título, no primeiro parágrafo, no último, em subtítulos e ainda utilizar seus sinônimos, para mim, se não for bem aplicada, torna o texto cansativo. O leitor saber do que se trata, então, repetir diversas vezes o mesmo termo traz dois resultados: ou a pessoa que está lendo pensa que o jornalista não sabe substituir palavras por outras do mesmo significado, ou o está considerando burro ao ponto de ter de reforçar o tema central a quase todo instante.

Por fim, como diz Cleyton Carlos, em seu artigo para o Observatório de Imprensa, o jornalismo deve se adaptar às redes sociais, porém, mais do que modificar a maneira de trabalho, pode ser afundado por ela. “Não é novidade para ninguém que qualquer um pode ser um – bom – produtor de conteúdo nas redes sociais. Também não é novidade alguma a rapidez e instantaneidade com que a internet trabalha. Quer usar redes sociais? Então, seja sociável nas redes. Não há espaço para um jornalismo tardio e que ainda procura se posicionar diferentemente dos usuários que lá já estão. Sim, sem conversa, o jornalismo – e os jornalistas – será engolido pela camada social digital que aflora e se solidifica cada dia mais”.

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