06/04/2012 às 18h07min - Atualizada em 03/05/2012 às 18h07min

Covers, versões, inéditas ou autorais?!

Cover é quando uma banda ou artista regrava ou executa (toca) a música de outro artista com os mesmos elementos e arranjos originais

Nando Pires

“Pá lavra, palavra de lavrador. Palavra, palavra de lavrar a dor!” Segundo essas poéticas palavras de meu bom amigo, “Milton Triano”, que é um dos responsáveis porque hoje escrevo após tê-lo acompanhado há tempos atrás na redação semanal de suas crônicas, posso lhes assegurar que o zelo com o que e como se fala é importante.

Claro que ao se dirigir a um poste berrando que ele é um pirulito, isso não acontecerá! (risos) Mas quando se trata de pessoas, as vezes as palavras têm o poder de alterar a constituição da matéria… Que peso, heim?!

De qualquer forma e sem aprofundar na questão da ética, apenas gostaria de esclarecer algumas confusões de terminologia do mercado fonográfico que incomodam muito, além de “descascar” um repetitivo e cansativo discurso sobre a obrigatoriedade em se ter trabalhos autorais. Uma espécie de “blablablismo” “intelectualóide” condicional do tipo: “Se não isso, não aquilo”… Ou seja; conversa pra boi dormir! (risos)

Mas enfim, são covers, versões, inéditas ou autorais?

Cover é quando uma banda ou artista regrava ou executa (toca) a música de outro artista com os mesmos elementos e arranjos originais. Ou seja: Se tira a música nota por nota e a reproduz da mesma forma. Dá-se um desconto para pequenas diferenças que não alteram os resultados das sonoridades, de forma que não os distanciem das originais. Essa prática é muito utilizada por bandas de entretenimento para se tocar ao vivo.

As releituras ou versões ocorrem quando uma banda ou artista regrava ou excuta a música de terceiros sob um arranjo diferente do original. Inclusive há exemplos em que as regravações obtiveram maior expressão que os primeiros registros, como é o caso de “Your Song” composta por “Elton John”, mas que ganhou ânimo extra na versão de “Billy Paul”. Outro exemplo é a versão espirituosa que “Tina e Ike Turner” fizeram de “Proud Mary” composta pelo “Creedence”, também tem a releitura dançante que o “Pet Shop Boys” fez de “Always On My Mind” gravada originalmente por “Elvis Presley” e outra que é meio desconhecida, mas certamente espetacular é o que “Mica Paris” e “David Gilmour” fizeram visceralmente com “I Put a Spell On You” escrita por “Screamin’ Jay Hawkins” em 1956. E a versão que “Freddie Mercury” fez com “The Great Pretender”, então?!  Aqui no Brasil o mais recente e conhecido trabalho de releituras da atualidade é o do grupo “Sambô”, que regravou clássicos do rock sob arranjos muito bem bolados ao ritmo do samba e recolocou vários hits do passado em pauta novamente!

Há casos em que os arranjos das releituras se distanciam por completo dos originais e em outras oportunidades são guardadas algumas semelhanças, mas as diferenças serão sempre evidentes, caso contrário seriam covers. É importante salientar que essa liberdade artística é imprescindível e que rearranjar grandes composições obtendo resultados positivos e a aprovação do público é uma missão de grande responsabilidade e nada fácil de realizar!

Músicas inéditas são aquelas que artistas ou bandas gravam pela primeira vez e ao fazer sucesso, costumeiramente acabam sendo vistas como obras de autoria desses primeiros intérpretes. Esse é um caso bastante aplicável a grandes nomes nacionais e mundiais como “Elvis Presley”, “Marisa Monte”, “Cássia Eller”, “Elis Regina” e diversos outros. O caso da gravação de composições inéditas de terceiros costuma ser mais comum dentre os cantores que seguem carreira solo.

O último e menos misterioso termo é a das músicas próprias, que já recolhe significado em si mesmo, ou seja: É quando os próprios compositores também são intérpretes de suas obras, as gravando pela primeira vez. O pior é que justamente essa condição de simplicidade é que implica na maior discussão sobre a obrigatoriedade de se ter de fazer trabalhos próprios para se ter valor. Como espero que tenha sido possível ver pelos argumentos e significados das terminologias anteriores, esse papo é extremamente furado! (risos) Já pensaram se tivessem tirado o microfone do “Elvis Presley”?!

Contudo, aqui no Brasil esse é um discurso preponderante, repleto de preconceitos e a meu ver, implica em limitações e privações à indústria musical. Sorry baby, but that’s not good! Basta imaginar o mundo sem que o “Elvis” tivesse podido cantar para ver que isso não tem fundamento! É bom ter em mente que compor é uma virtude e que cantar é outra, basta lembrar do “Chico Buarque”. (risos)

Espero que a nossa música fique definitivamente desimpedida desses preconceitos e que grandes confusões causadas por essas pequenas palavrinhas deixem de ser tão frequentes…

Findo por lembrar que as músicas e artistas aqui citados podem ser facilmente achados na Internet e desejo a todos mais um ótimo, musical, revigorante e achocolatado final de semana! Feliz Páscoa!

Link
Leia Também »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp