22/12/2015 às 12h20min - Atualizada em 22/12/2015 às 12h20min

Daniella Rosa

Escritora

Thiago Santos

 Quem é o ser humano Daniella Rosa?

 Uma pessoa curiosa e sonhadora, com os pés no chão, mas a cabeça nas nuvens. Extrovertida e tímida, amável e agressiva, audaciosa e conservadora. Enfim, posso dizer sou um tremendo paradoxo.

 Me interesso pelas questões humanas que envolvem sentimentos, limites e tendências do ser humano.

 Idealista... Impaciente... Coerente com minhas teorias acerca do mundo, concisa nas palavras de ordem e evasiva nas declarações sobre mim mesma. Insegura nos acertos e carente de auto aceitação.

 Procuro ser um pouco melhor a cada dia: melhor ser humano, melhor esposa, melhor amiga e melhor mãe.

Família em primeiro lugar. Amor e amizade são incondicionais e essenciais.

 

 Daniella?

 Decidi escrever um livro quando percebi o quanto a leitura me afetava positivamente. A arte de maneira geral sempre teve um magnetismo especial sobre a minha vida. Quando mais jovem, escrevia poemas quando estava triste e dançava quando me sentia alegre.

 Cresci com uma necessidade estranha de colocar meus sentimentos no papel sempre que era atingida por alguma decepção ou frustração, fazia com que me sentisse melhor, como um desabafo para um amigo.

 E quando me abri para a literatura, comecei a transpor também minhas alegrias e anseios, revelando uma pessoa romântica e sonhadora que eu nem sabia que existia.

 Escrever é um momento especialmente íntimo e renovador. Me sinto realizada a cada página. Não é algo que eu possa simplesmente parar de fazer, não sei se é uma vocação, mas com certeza é uma necessidade tão natural quanto respirar.

 

 Passou parte da juventude escrevendo poemas, músicas e textos?

 Sempre quietinha, no meu canto, escrevi alguns pequenos poemas que retratavam algumas dificuldades que vivenciava. Mantive a imagem de mulher forte e independente, porém, só os meus cadernos sabem o que realmente se passava no meu coração. Amo música e já até quis montar uma banda, escrevi algumas letras quando descobri que o amor move o mundo de um jeito irracional e inexplicável, não via maneira melhor de mostrar essa força em palavras. Passei a observar mais as pessoas a minha volta e percebi que esse tal amor era bem mais amplo e se estendia para diversos tipos de relações.

 Como dizia um professor maravilhoso que eu tive (Itamirez Marcon): “As pessoas a gente ama, gostar, gostamos de laranjas.”

 Certa vez, escrevi um texto muito sentimental para o aniversário de uma amiga. Ali nascia uma pequena escritora que desenvolvia mensagens para datas especiais a pedido de amigos; foi uma fase divertida e cheia de descobertas. Descobri, por exemplo, que não era tão simples traduzir sentimentos em palavras num pedaço de papel.

 

 Um pensar que predominou por um certo tempo, porém, e felizmente foi colocado de lado?

 Sim. Nunca fui atrás do sonho de ser escritora, tinha vergonha de mostrar meus textos, eles eram íntimos demais. Com o tempo descobri que é legal quando as pessoas leem o que você escreve. Elas se identificam, se emocionam e as vezes não entendem, mas ainda assim admiram, porque de qualquer maneira expressa algo verdadeiro. Decidi então assumir essa paixão quase secreta de escrever e me entregar a esse ofício.

 Me encontrei completamente na literatura, me sinto à vontade e realizada. É um mercado difícil, mas isso não me assusta. Insegurança existe, principalmente quando penso no mercado editorial brasileiro e no cenário nada otimista do setor. No entanto, me sento todos os dias à frente do computador e vejo todas elas sumirem porque o que me impulsiona nada tem a ver com oferta e demanda. É apenas uma entrega que não precisa de recompensa, ela por si só traz satisfação suficiente.

 Acredito que ninguém seja escritor por falta de opção ou por obrigação; é muito amor envolvido.

 

 O passado(infância) sem contato com a leitura até o acesso a ela lhe proporcionou?

 Quando criança  não tive o contato com a leitura em casa ou no convívio familiar de maneira geral. Minha mãe apesar de ser uma leitora voraz hoje, não possuía esse hábito em outros tempos, acredito que devido a necessidade de trabalhar muito para cuidar sozinha dos filhos. Assim como uma grande parcela da população brasileira, iniciei o contato com a literatura no período escolar, e digo que não foi uma experiência agradável. Ler por obrigação não cria vínculo com a literatura apenas afasta os jovens dos livros, ainda mais quando os textos não representam qualquer tipo de identificação. Quando eu tinha quatorze, quinze anos, talvez pela falta do hábito de ler aliada a obrigação, achava entediante a leitura de alguns clássicos adotados pela escola como metodologia de ensino. Isso, não ajudou muito no meu desabrochar para a leitura. Penso que a necessidade de escrever me levou a buscar a leitura, porque um não existe sem o outro.

 Acredito que a inserção da leitura ainda na fase infantil melhora a visão de mundo da criança além de desenvolver, aos poucos, a capacidade de interpretação e de superar com mais tranquilidade as dificuldades que a língua irá apresentar mais à frente.

 Apesar de ter tido uma infância divertida com ótimas lembranças, sinto que perdi um tempo precioso. Quando li meu primeiro livro, ou seria melhor dizer, quando me apaixonei pelo primeiro livro fiquei deslumbrada com o poder da história, enlouquecida pelos personagens fortes que o autor construiu e alucinada por descobrir um mundo novo. Eu não sabia até então que era possível ter tantas sensações diferentes apenas lendo um livro, quando a história te pega é como uma viagem sem volta, é impossível parar.

 Considerando apenas o prazer da leitura, já é um enorme acúmulo de conhecimento e experiências fantásticas, no entanto, vai muito além disso. Quando a leitura faz parte da sua rotina naturalmente sua capacidade de interagir com o mundo e com as pessoas se altera aos poucos. A leitura melhora a concentração, a capacidade de compreensão e de se expressar, e de quebra te abre um leque de informações, culturas e experiências.

 Hoje percebo que a leitura é tão primordial para a construção intelectual de um indivíduo que me leva a acreditar, que ela seja o principal recurso para definir um cidadão formador de opinião e com real senso crítico de mundo.

 As crianças já nascem com o fascínio por histórias, seja contos de fadas ou super heróis, e não deixar essa chama se apagar é simples e pode fazer toda a diferença para a vida deles no futuro.

 

 O novo começo que apontava em direção a escrita sendo então você a autora aconteceu de que forma?

 Quando me tornei uma leitora compulsiva, lendo de tudo um pouco, percebi uma tendência para os livros de fantasia. Estes, me transportavam para outro mundo, muito mais interessante que o real. Um padrão começou a acontecer; quando chegava às última páginas o ritmo de leitura diminuía e eu me pegava procrastinando mesmo querendo muito conhecer o final da história. Claro que não dava para fugir por muito tempo, o fim era anunciado e quando lia FIM na última página, meu coração se apertava.

 Já cheguei no trabalho chorando por ter acabado de ler uma série durante o trajeto. Eu chorava porque tinha acabado, só por isso. O final da história não era triste tão pouco o autor matou algum personagem, o que me entristecia era mesmo o fim da nossa relação.

 Um choque doloroso de realidade me abate e um vazio toma conta de mim, pelo menos até começar uma nova leitura.

 Só tinha uma maneira de amenizar essa sensação... Escrever minha própria história e dar a ela um fim quando eu quisesse. Pelo menos era o que eu pensava até terminar o primeiro livro da série Sombras do Mundo, hoje eu não vejo a hora de dar um final surpreendente e maravilhoso aos personagens.

 

 Sombras do Mundo?

 A personagem principal passa por dramas e inseguranças como qualquer outra garota da sua idade. Mas ela é diferente, tem a habilidade de ler as pessoas, enxerga o que ninguém quer mostrar. Ninguém consegue se esconder por trás de simpatia, falsos sorrisos ou olhar de bondade. Ela vê um mundo cheio de sombras coloridas contornando as pessoas, como uma capa que não as protegem, e sim as revelam.

 O mundo que ela conhece muda completamente quando descobre a existência de uma categoria diferente de seres ou criaturas. Conhecidos como Celsus, essas criaturas vivem entre nós, ocultos e subjugados.

 Os personagens foram pensados para se completarem, com habilidades e características importantes para o sucesso de uma missão que ainda nem sabem que irão enfrentar. As sombras que só Alany é capaz de ver, pode ser o fator determinante para restaurar o equilíbrio do mundo.

 

 Compartilhe conosco o processo quanto a criação e conclusão do livro e as muitas emoções vividas. Principalmente o que sentiu ao tocar nele, e ler seu nome na capa.

 O processo de criação de um livro é maravilhoso e angustiante. Iniciei esse livro há uns seis anos, totalmente influenciada pelas obras que estava lendo na ocasião. Precisei deixá-lo por um tempo, porque não estava sendo nada produtivo escrever com um bebe nos braços. Mas, há três anos consegui me dedicar com mais afinco à escrita. Quando reli o que havia escrito desde o início, percebi que faltava personalidade, não me encontrei naquelas páginas.

 Eu acreditava na história por isso comecei uma reconstrução passo a passo.

 Não existe uma maneira simples de descrever a sensação de rir e chorar ao escrever uma página, um diálogo ou uma cena. É muito intenso. Só não ganha da emoção de ver o projeto concluído. Pegar seu livro nas mãos, ver ali eternizado seu nome e sua obra...  É incomparável.

 Meu peito se encheu de orgulho e em minha cabeça latejava a sensação de dever cumprido. Ainda que seja apenas o começo.

 

 Sua obra aborda?

 É um livro que traz o sobrenatural, mas que trata de sentimentos comuns. Crenças e criaturas, fala de paixão adolescente e a necessidade de uma garota em se encaixar.

 Como sou apaixonada pelo mundo de fantasia, utilizei esse conceito para apimentar a história e dar liberdade a minha imaginação. Ainda assim, busco na realidade algumas referências como a capacidade do ser humano de ser movido unicamente pela ganância e o egoísmo esquecendo, muitas vezes, que é um ser racional.

 

 O que seu livro  poderá  proporcionar ao leitor no quesito conscientização diante o processo do viver?

 Procurei utilizar a leveza da fantasia para abordar temas pesados, como a violência e a maldade intrínsecas ao ser humano. Espero conseguir passar para leitor ao longo da série os piores defeitos do homem e as consequências que isso pode trazer. Existem na trama algumas batalhas, mas vencer o próprio egoísmo será a maior de todas as lutas.

 

 Nos fale dos seus projetos atuais e futuros!

 Sombras do mundo terá continuidade, sendo este – Crenças e Criaturas- o primeiro livro, que dá uma introdução a um mundo novo cheio de mistério e personagens fantásticos. A trama envolve romances e amizades que se quebram e renascem com mais força no próximo livro da saga. A Origem do Mal está em processo de criação, mas já apresenta uma característica muito mais agitada e cheia de novos conflitos. Os leitores podem esperar fortes emoções e surpresas constantes, e claro, um pouco de maldade, sofrimento e muito amor para equilibrar.

 Tenho outros projetos em andamento. Dois livros iniciados com uma temática bastante distinta do Sombras do Mundo além de um projeto literário com objetivo de difundir a ideia de ler por prazer em parceria com algumas escolas.

 

 Para finalizar, se importa em expressar palavras que se tornem sinônimo de inspiração para o amigo leitor que também deseja viver em prol da arte? E também uma frase que seja capaz de descrever o que você sente por fazer algo que muito ama?

 Algumas batalhas precisam ser travadas, e a mais dura é aquela contra você mesmo. Suas angustias, medos e anseios se transformam em inseguranças frente aos objetivos. Palavras como persistência e audácia são os pilares que sustentam a escrita e demais artes... sem essas qualidades o trabalho não renderá bons frutos, deixando no lugar de um lindo trabalho uma frustração profunda e um sentimento de incapacidade de se alcançar seus objetivos.

 Pode ser brega, mas o lance é não desistir. Se você realmente encontrou o que te dá prazer em fazer, e isso te faz feliz independente de todo o resto... então simplesmente faça e não volte atrás.

 Se você sente que tem algo para oferecer, ofereça...

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