24/11/2015 às 16h42min - Atualizada em 24/11/2015 às 16h42min

Juliana Caesar

Numa entrevista fantástica, dividida em quatro partes. A genial atriz Juliana Caesar fala sobre sua carreira. E nesta primeira parte em especial, saberemos como se deu o começo de seu amor para com à arte, principalmente sobre essa tomada de decisão

Thiago Santos

 Quem é o ser humano Juliana Caesar?

 Juliana Caesar: Uma pessoa que gosta de desafios, esportes, artes, estudos, viagens, amigos, animais, família.

 Gosto de estar sempre com minha cabeça ocupada, sempre aprendendo. Estou frequentemente me desafiando intelectualmente. Gosto e sempre que posso, ajudo os outros a alcançarem seus objetivos. Essa expressão: eu passo pelos outros como um trator! Não faz parte da minha vida. Busco meu espaço e quando posso ajudo sempre. Acho que o que é seu, o universo te ajuda a buscar, sem ter que passar por cima de ninguém.

 Não sinto inveja e nem busco atrapalhar outras pessoas, eu gosto quando vejo alguém se superando e fazendo sucesso.

 Como sou de escorpião tenho uma determinação e garra que vem desde pequena, em ser atriz, mas que só agora, no espaço de tempo, de uns três anos atrás, voltou à tona. Veio uma força e determinação que não esperava e quando vi já estava alcançando minhas metas.  Foi quando meu pai ficou doente.  Meu pai veio a falecer esse ano de Esclerose Lateral Amiotrófica e foi muito difícil para  nossa família. Busquei na arte e Cabala  a ajuda necessária para superar minha dor. A filosofia cabalística me ajuda a focar e entender coisas além das minhas percepções. Sou voluntaria no Centro cabalístico de Los Angeles, e agora que estou no Brasil, pretendo frequentar e também fazer cursos na unidade Kabbalah em São Paulo.

 

 Juliana?

 Foi uma opção que fiz quando meu pai começou a ficar doente, o teatro me salvou da insanidade e tristeza, pois é a arte que me traz satisfação da alma. Sem a arte estaria depressiva e triste.

 Eu tive um professor americano que dizia: a arte que escolhe o ator.  Eu concordo com ele, acho que foi a profissão que me escolheu. Sou um veiculo da arte digamos assim, porque quando estou atuando esqueço tudo e me sinto plena. Isso que me move a sempre estar aprendendo e vivenciando outras vidas através de meus personagens. Eu aprendo com meus personagens e suas vidas me movem.

 Acho que essa profissão de ator é muito difícil, pois estamos lhe dando com toda complexidade do ser humano.  Existe uma força maior que me move e ajuda a superar os desafios e encará-los. Todos falam depois que você sobe no palco, o bichinho do teatro te pica ou não. Eu fui picada pelo bichinho da arte. O palco é mágico e os deuses do teatro são eternos. Quando você se entrega de corpo e alma a profissão, eu acredito que tudo na vida entra em sintonia.

 Cada projeto é único, as vezes é leve, outros exaustivos, depende do personagem que vivencio e do processo envolvido, mas o bem estar que vem depois de um trabalho cumprido é gratificante.

 

 Com base no dia de hoje, olhando para o passado. O quanto é satisfatório para o todo de sua pessoa, ter escolhido viver em prol da arte?

 Acho que o passado me trouxe muitos aprendizados mas não quero viver nele e sim no presente. Meu passado é o que me fez ser, quem eu sou hoje. No começo era difícil superar meus medos e limitações mas aos poucos fui ganhando confiança no meu trabalho e fortalecendo meus instintos. Quando escolho um projeto, primeiro me pergunto o que ele vai me trazer de desafios e aprendizados. Quem serão as pessoas envolvidas? Gosto da historia?

 Não faço o projeto só pelo dinheiro, e sim pela satisfação da artista Juliana Caesar.

 

 E a arte se apresentou para você na fase da infância?

 Na infância eu já fazia teatro e sempre gostei. Mas foi mais tarde que decidi seguir a profissão de ator. Eu gostava muito de esportes na minha adolescência, e o vôlei na época era minha vida. Aos dezoito anos, foi quando estudei Arte Dramática nos EUA que decidi quando terminasse minha bolsa de estudos, iria me dedicar a profissão de atriz.

 

 Lembra quais emoções lhe vieram no exato momento em que chegou em casa após seu primeiro ensaio?

 No meu primeiro ensaio eu era muito pequena devia ter uns 7 anos. Mas eu me lembro como se fosse hoje, a professora nem me falava o que fazer eu já fazia, e ela elogiava. Ela falava isso mesmo, faz isso, como você fez.  Depois do ensaio ela me deu o papel principal da peça e fui correndo contar para minha família. Minha família não gostava muito, quando eu falava que ia ser atriz, mas eu nem ligava falava um dia vocês vão me ver atuando.

 

 Imagino que seu sorriso tenha sido sublime, e mais do que sublime no momento em que os aplausos por parte do espectador enalteciam sua primeira atuação num palco?!

 Sim foi gratificante e encorajador. Minha primeira peça foi os “Saltimbancos” e foi um sucesso na escola naquela época. Fiquei conhecida na escola e todos queriam me ver atuando mais.

 

 Como foi se deparar com seu primeiro personagem bem ali diante de você por meio do roteiro?

 Meu primeiro personagem de peso, que meu deu satisfação pessoal e aprendi muito, foi a Matilde de Roque Santeiro, adaptação do texto de Dias Gomes, " O Berço do Herói", direção Ednaldo Freire.

 Ela era umas das poderosas da cidade. Uma mulher forte que consegue tudo o que quer. Quando li o roteiro, gostei bastante do personagem, achei desafiador. Ela tinha muitas falas, não sabia se ia dar conta, mas agora isso não me importa mais. Porque quando o ator esta inteiro no personagem, as falas vem naturalmente. Então não me preocupo em decorar o texto e sim entender o meu personagem primeiro e depois entender sua personalidade e linguagem para com o mundo externo.

 Uma dica para todo ator, primeiro entenda a historia do seu personagem e o contexto. Faça uma analise psicológica, física e moral do personagem. Depois começa a decorar suas falas, todo dia pega um pouco e faz de frente ao espelho algumas vezes. Uma técnica de atores em Los Angeles, Ivana Chubbuck me ensinou a entender um roteiro e uso sua técnica para interpretar meus personagens.

 

 No todo deste processo diante seu desejo quanto a arte da interpretação de que forma os estudos específicos lhe foram importantes?

 Os estudos foram extremamente  importantes e ainda são ate hoje. Busco sempre me aprimorar, quero sempre aprender com os másters e sempre que posso faço peças teatrais. Na minha opinião, o teatro é o melhor estudo para o ator.

 Encaro a profissão totalmente a sério, e analiso os melhores cursos e métodos, grupos de estudos, pois não quero jogar dinheiro fora e sim aprender.

 Aprendo constantemente com as pessoas, independente do  nível profissional que estiverem, todos temos algo a ensinar. O ser humano é único.

 

 Ainda em solo pátrio sua esperança impulsionada pelo amor em relação a arte da atuação era sua principal fonte de inspiração ao ponto de fazer com você percebesse um futuro cheio de conquistas?

 Eu tracei uma meta e fui me aprimorando, as conquistas vieram com o tempo e cada uma com muita garra e suor.

 O que me move, sem duvida nenhuma é a arte e sempre será, até eu ficar mais velha e dizer para os meus netos: vovó foi em busca dos seus sonhos e conseguiu realizá-los. Vocês podem também alcançar seus objetivos.

 

 E aos 15 anos de idade tudo mudou?

 Aos 15 anos, estava tão ocupada com o vôlei que não tinha tempo nem de pensar na minha profissão de atriz. O vôlei me ocupava toda parte do meu tempo e minha vida era treinar, jogar e viajar. O vôlei me deu a oportunidade de estudar fora e sou enormemente grata a ele.

 Me deu notoriedade na faculdade e as pessoas me respeitavam, me tratavam como uma estrela do esporte.

 Os americanos valorizam muito o esporte e naquela época era adolescente e adorava a atenção, mas com isso vinha as responsabilidades de atender as expectativas das pessoas.

 Foi uma época muito feliz, só tenho a agradecer a San Diego pelos momentos maravilhosos que passei como atleta, estudante e mulher. Era muito feliz.

 

 Antes de partir rumo aos EUA atuou em algum espetáculo e o mesmo teve um “sabor diferente” já que em seguida seus passos alcançariam outro espaço geográfico?

 Antes de partir aos EUA estava com minha cabeça voltada ao esporte e estava com um certo receio de como ia ser recebida na faculdade e também com a dificuldade no inglês.

 Digamos que meu espetáculo era ser uma estrela no vôlei, meu palco a quadra e minha personagem jogadora de vôlei.

 Meu estudo era também meu foco, queria me formar como atriz por uma Universidade Americana. Meu primeiro objetivo era estudar em Los Angeles Na UCLA mas quando fui na Universidade me senti assustada. A Universidade era gigantesca, meu inglês era fraco e não me senti preparada psicologicamente para morar em Los Angeles.

 Optei por San Diego que quando cheguei vi um por do sol que me encantou.

 

 Para concluirmos essa primeira parte da entrevista. Compartilhe conosco o que sentiu ao embarcar no avião.

 Quando embarquei no avião tinha 18 anos, era pura e inocente. As únicas coisas que tinha para oferecer era meus dons como atleta. Meu inglês era fraco então estava apreensiva. Minha sorte foi que comigo foram uns brasileiros que no meu primeiro ano me ajudaram  a me atualizar, aos poucos fui fazendo contatos e as coisas foram fluindo. Estava com medo do novo, mas tudo aconteceu para o melhor, Graças a Deus.

 Continua...

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