20/07/2015 às 12h44min - Atualizada em 20/07/2015 às 12h44min

Cristiane Migon

Cantora

Thiago Santos

 Thiago Santos: Quem é o ser o humano Cristiane Migon?

 Cristiane Migon: É um ser que desde cedo teve contato com a arte de um modo geral, através dos meus avós, dos meus pais, que apreciavam principalmente a boa música e seus estilos musicais variados. Minha avó paterna gostava de ir às óperas e ao balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ela possuía um grande acervo de música clássica e até a minha adolescência, escutava compositores e cantores (as) de ópera. Meus avós maternos já gostavam do repertório dos cantores da Era de Ouro do Rádio.

 O primeiro contato com a arte foi através do meu pai, que também era cantor e guitarrista. Minha mãe tocou acordeom, dos 6 anos aos 13 anos, pelo método Mário Mascarenhas e lembro-me perfeitamente quando ela tocava para mim e minhas irmãs quando pedíamos. Suas experiências musicais me serviram de inspiração, para que no futuro pudesse abraçar a arte do canto e lecionar sobre música nas escolas.

 

 Cristiane?

 Através dessas inspirações de minha família, desejava desde pequena me tornar uma cantora. Lembro-me, quando criança, que pegava uma escova de cabelo e fingia ser o microfone. Este sonho esteve presente desde pequena e na adolescência acabou se tornando mais forte. A música sempre esteve presente em nossa casa, onde cantávamos acompanhadas pelo violão do meu pai. As músicas eram variadas, desde  músicas folclóricas a Beatles.

 

 E aos 16 anos de idade você literalmente se entregou para a arte do canto?

 Sim, iniciei meus estudos na Escola de Música da Barra pelo incentivo de minha avó paterna, que pagou as primeiras aulas de canto para mim e minha irmã Aline. Fazíamos aulas em dupla e minha primeira apresentação está presente até hoje em minha memória, por perceber que eu poderia realizar o meu sonho. A primeira música que cantei, fazendo um pequeno trocadilho (risos), foi Primeiros Erros do cantor e compositor Kiko Zambianchi. Ainda estava inexperiente, porém, todos me incentivaram a continuar cantando.

 Aos poucos, busquei aprimorar o meu canto com o professor Marco Aurélio, o qual sou grata até hoje por ter me passado os seus conhecimentos musicais e pela sua formação em Licenciatura em Música ter me despertado a vontade de estudar música profundamente.

 

 Sempre quis saber. Como é estar num palco cantando? O que se sente ali diante do público que por sua vez está em ponto de êxtase, tamanha alegria por ouvi-la?

 Antes de entrar, sinto um nervosismo fora do comum (risos), uma ansiedade forte até entrar no palco. Mas tento manter a calma, fazendo orações para que tudo ocorra bem e que o público possa interagir com o repertório que irei cantar. Não aparento, quando entro no palco, esse nervosismo. Mas por dentro, fico uma pilha de nervos (risos). O nervosismo passa assim que começo a cantar e acabo recebendo a energia positiva das pessoas. Quando ingressei em 2003, na Faculdade de Música da UFRJ, esse nervosismo era maior, pois as provas eram cantar no final de cada semestre, onde éramos avaliados por professores do Departamento de Canto da UFRJ.  Era um desespero total, mas com o passar dos anos, passei a controlar melhor a ansiedade.

 

 No ano de 2006 você participou da Ópera “O Pagador de Promessas” como corista. Quais emoções lhe vieram naquele momento?

 Fiquei imensamente feliz com o convite do regente Wendell Kettle! Fazer parte de uma ópera como corista foi uma experiência única e emocionante! Os ensaios eram cansativos, porém, enriquecedores para uma cantora iniciante. Foi um desafio cantar e atuar em cena como uma vendedora de frutas. Todos os coristas, músicos e profissionais que participaram da ópera ficaram tristes com a finalização da temporada, pois o clima era de amizade, onde todos se uniam pelo sucesso da ópera. Foi uma época marcante em minha vida.

 

 E o ano de 2007 foi vivido por você através do quesito ótimos momentos?

 As oportunidades e os convites não paravam de aparecer no ano seguinte da ópera. Participei como uma cantora de cabaré, na minissérie Amazônia da TV Globo. Apesar de ser uma pequena participação, foi a primeira vez em que apareci na televisão. Fiquei imensamente feliz e pude perceber que o meu sonho estava se concretizando.

 Um outro sonho realizado foi cantar a famosa composição de Carl Orff, Carmina Burana junto ao Coro Sinfônico da UFRJ, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência de Ligia Amadio. Ao cantar no Teatro Municipal, lembro-me de ter assistido, juntamente com minha avó paterna, a mesma obra. Saí emocionada, por me lembrar de minha avó, que havia falecido no mesmo ano.

 

 Música “Não Enrola”?

 Pois é! Acabei criando algumas composições e achei que não ia dar em nada (risos). Em 2007 me inscrevi em um Festival de Música de Porto Seguro. Enviei duas músicas para análise, a música “Não Enrola” e a música “Navio Negreiro”, autoria de Walda Domingues. Eu tinha certeza que a música da Walda seria a escolhida, entretanto, escolheram a de minha autoria e de minha irmã Aline Migon! Foi um tanto assustador saber que uma música minha tinha sido uma das finalistas para compor o 1° Festival do Descobrimento em Porto Seguro.

 Foi a minha primeira viagem cantando. Conheci Porto Seguro e fiquei imensamente feliz em cantar uma música de minha autoria.

 

 Projeto Recorda Brasil?

 No final do ano de 2008 me graduei em Canto pela UFRJ e fiquei pensando nos recitais que faria após a formatura. Conheci o barítono Paulo Martan em 2006 no Coro Brasil Ensemble da UFRJ e nossa amizade se estendeu por anos. Em 2009, o Paulo participou do quadro Imitadores do Domingão do Faustão como Cauby Peixoto. Em meu recital de formatura, cantei a música Carinhoso de Pixinguinha e Braguinha e me interessei por cantar a música brasileira, a qual sempre tinha muito prazer em cantar na Universidade.

 Ao ver o Paulo cantando como Cauby, percebi que o seu repertório se encaixava com o que eu buscava cantar após a minha formatura. Prontamente o convidei para participar de um projeto musical que criei intitulado Recorda Brasil. A parceria foi se tornando forte e começamos a cantar no teatro ACM e no Clube Municipal no Rio de Janeiro. Babalú é um dos grandes sucessos da cantora Angela Maria e todas às vezes que eu canto, as pessoas pedem bis (risos).

 

 Devo imaginar que tenha sido mágico cantar ao lado de um dos maiores cantores da história de nosso país?

 No mesmo ano de 2009, o Paulo foi chamado para cantar no documentário Cauby-Começaria Outra Vez e em 2010 acabamos por conhecer o mito Cauby Peixoto. Para mim, foi um dos momentos mais emocionantes como cantora! Ser elogiada por um dos maiores cantores da MPB foi uma das experiências mais marcantes de minha carreira como cantora. Saí do Bar Brahma sem acreditar no que tinha acontecido.

 

 Teve uma participação no filme Cauby - Começaria tudo outra vez?

 Sim, fui convidada pelo Paulo Martan, pelo diretor Nelso Hoineff e pela produtora da Comalt Produções Selma Regina para participar do filme. Cheguei em casa emocionada e sem acreditar no que estava acontecendo. Nossa participação representou o marcante dueto de Cauby Peixoto e Angela Maria.

 

 No ano passado você encarou um desafio e tanto?

 Ufa! Ano passado foi um ano desafiador para mim. Estava com viagem marcada para a Irlanda para defender minha dissertação de mestrado e acabei sendo convidada para cantar no programa Máquina da Fama do SBT. Na primeira vez, dei uma palhinha no palco com o Paulo, que iria se apresentar como Cauby. Posteriormente, fui convidada para participar como cover da cantora Adele.

 Foi a primeira vez, em âmbito nacional, que pude mostrar o meu trabalho como cantora na televisão. Foi um desafio e tanto, pois tive que cantar em cima de uma cascata de água, tendo que ficar parada para não cair (risos). Foi uma experiência maravilhosa e difícil ao mesmo tempo. Mas com certeza, repetiria mais vezes, pois cantar na televisão não é a mesma coisa que cantar em um palco. Exige muita concentração e calma para que tudo dê certo.

 Logo depois, eu e o Paulo fomos convidados para cantar novamente no Programa, para fazer um dueto como Angela e Cauby. A produção do Programa fez um cenário tão lindo que não conseguíamos parar de olhar. Nossa sintonia quando interpretamos Angela e Cauby, nossos ídolos da MPB, sempre foi emocionante e nessa apresentação, não poderia ser diferente. Acabamos tirando em terceiro lugar no programa.

 

 Se importa em expressar palavras que se tornem sinônimo de inspiração para o amigo leitor que também deseja viver em prol da arte? E também uma frase que seja capaz de descrever o que você sente por fazer algo que muito ama?

 Acho interessantes as palavras do grande ator e compositor Charles Chaplin, que expressam muito bem o que é importante para alguém que deseja viver em prol da arte:

 “Não preciso me drogar para ser um gênio; não preciso ser um gênio para ser humano; mas preciso do seu sorriso para ser feliz”. Charles Chaplin.

 A frase que descreve o que sinto pela Música é: “Sem música, a vida seria um erro” Friedrich Nietzsche.

 Depois de todos esses anos, estudando e lembrando de todas as coisas que já fiz, desde criança, relacionadas com a música, não há como viver sem ela.

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Além de cantora profissional, sou educadora musical de uma escola municipal do Rio de Janeiro e procuro sempre incentivar os meus alunos a se tornarem músicos. Atualmente estou fazendo shows no Alzira Park Hotel e ensaiando uma peça em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro, no SESC de Engenho de Dentro-RJ, sob a direção de Esther Elizabeth. Farei uma participação como uma francesa e como uma das grandes divas da MPB, que considero como um ícone: nossa querida cantora Angela Maria.

 

 

 

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