01/07/2015 às 09h24min - Atualizada em 01/07/2015 às 09h24min

Paulo Martan

Cantor, Locutor e Cover do genial e grandioso Cauby Peixoto

Thiago Santos

 Thiago Santos: Quem é o ser humano Paulo Martan?

 Paulo Martan: É um ser humano que busca através de sua arte ser útil ao seu semelhante, tocando-lhe o seu eu interior com o seu canto ou através da locução, com uma palavra amiga, ou seja, podendo alegrar, suavizar ou até mesmo fazer que aquela pessoa reflita aquele momento por meio de minhas palavras. Sempre procuro ajudar através de minha arte, sendo utilizada tanto a minha voz cantada quanto a falada!

 

 Aquele momento em que a arte lhe apareceu e graças ao fascínio existente nela você não permitiu que ela partisse?

 Desde cedo fui apaixonado pela arte de um modo geral. Percebi que eu era um pouco diferente das outras crianças, não melhor e sim diferente, pois desde pequeno já tinha consciência do que eu gostava e não ligava para a opinião das pessoas. Muitos que me conheceram na infância, afirmam que eu já nasci grande (risos), pois eu não ligava para as opiniões alheias.

 Em relação à arte eu gostava de frequentar lugares com familiares mais idosos (Teatro, Cinema, ouvir músicas fora do padrão do modismo imediato) e desde cedo tive este apoio de amigos mais próximos e familiares. Sou imensamente grato a estas pessoas por me mostrarem o caminho da arte, pois através do incentivo deles não deixei que ela partisse, sendo cada vez mais forte e madura em minha vida.

 

 Todo o desejo pela arte já era lema em seu lar! Como é para uma criança viver num ambiente assim?

 Com toda certeza meu lar sempre foi um ambiente musical. Ouvíamos de tudo um pouco, sempre recebendo visitas dos familiares com mais idade, onde eu gostava de ouvir as suas histórias, vivências teatrais e musicais, pois minha avó e minhas tias fizeram teatro em Teresópolis e também frequentavam auditórios da Era de Ouro do Rádio.

 Elas falavam muito sobre os programas, seus locutores e cantores. Lembro-me quando era pequeno, das rodas de serestas e reuniões familiares, estando sempre presente uma boa música e muitas histórias. Acho que não podia ter nascido em um lar melhor do que este, afinal acredito que esta vivência em minha infância, neste ambiente regado a muita cultura, tenha sido primordial na escolha do que eu desejaria fazer futuramente em minha vida profissional.

 

 Uma lembrança preciosa? E como ela cooperou no todo de sua carreira principalmente nos dias de hoje?

 Certa vez fui com minhas tias aos jardins do palácio do Catete, onde um grupo da Velha Guarda de Seresteiros se apresentava. Eu já era um adolescente e cantarolei, a pedido de minha tia, uma canção favorita dela (Meu Romance - sucesso na voz do cantor das multidões Orlando Silva), que eu costumava cantar nas rodas de seresta em família.

 No final da apresentação, por eu ser tão jovem e não conhecer ninguém naquela roda de seresta, todos ficaram meio boquiabertos por eu ter cantado com tanto sentimento e com a letra na ponta da língua (risos) a canção. Foi um momento inesquecível, pois fora os que eu cantava em família, foi o primeiro lugar que recebi os aplausos de um público que eu não conhecia.

 Talvez este momento tenha me dado mais força para ter a certeza do que eu desejava para o meu futuro profissional e guardo até os dias de hoje esta inesquecível lembrança, que através dela ficou um grande aprendizado para mim. Sempre que posso, canto e ofereço uma música que marcou de alguma forma a vida de uma pessoa. Procuro cantar com o mesmo sentimento jovial, parecido com o que cantei naquela inesquecível tarde para a minha saudosa e querida tia.

 

 E um convite aconteceu?

 Sim, foi um momento para aqueles que acreditam nada ser obra do acaso e sim tudo traçado pela mão do soberano Deus. Certa vez fazia uma prova de canto, onde interpretava uma canção napolitana na Escola de Música da Faetec do Cetep Quintino-RJ, onde no final da audição fui procurado por um jovem que se dizia integrante do coro da Escola de Música da UFRJ, e que o mesmo havia gostado de minha voz e estavam precisando de Barítonos no coro. Fiz o teste com a maestrina e fui aprovado, onde permaneci por muitos anos e aprendi bastante com a dinâmica e talento de todo o grupo que fazia parte daquele maravilhoso coral. Foi uma experiência riquíssima em minha carreira.

 

 Como corista você teve ótimos momentos!

 Com toda certeza, participei de diversas gravações de CDs e DVDs do gênero clássico, onde destaco apresentações na Sala Cecília Meirelles, Teatro Municipal, Igreja da Candelária, Teatro João Caetano, Projeto Aquarius, etc...

 

 Os momentos que ainda não são de conhecimentos do leitor mas que você citará à seguir lhes proporcionaram quais sentimentos?

 Tenho um sentimento de dever cumprido e que fiz o meu melhor nos tempos de corista (saudades). Tenho muito orgulho em ter participado ao lado de grandes cantores, os quais sou muito grato, pois se tornaram grandes amigos e me ensinaram muito nestas passagens musicais, onde fiz parte. Destaco o Coro Villa-Lobos, onde tive a honra de participar das gravações das vinhetas dos jogos Pan-Americanos, no Esporte Espetacular para a TV Globo, na Cantata de Natal e também na posse no Governador Sérgio Cabral.

 

 Um coral com mais de 800 vozes?

 Sim, foi uma maravilha e sem dúvidas um momento inesquecível e emocionante, pois já nos ensaios era difícil controlar a emoção. Era uma peça de cunho religioso do compositor e maestro Gustav Mahler com o nome Sinfonia dos Mil com a primeira parte em latim e a segunda em alemão. Tínhamos, além das 800 vozes, nove solistas, duas orquestras e os meninos Cantores de Petrópolis.

 Eu fazia parte da Associação de Canto Coral, e esta apresentação marcava o retorno do Projeto Aquarius com apresentações nas areias da Praia de Copacabana e no Teatro Municipal, onde foi necessário abrir um espaço infinitamente maior do que o tradicional, para poder comportar todos os que fizeram parte deste maravilhoso projeto, que teve como a cereja do bolo, a regência do experiente e talentoso Maestro Isaac Karabtchevsk.

 

 Coral do Consulado Italiano e Coro Ibeu?

 Também tive  a imensa honra de participar do Coral do Consulado Italiano e do Coral Ibeu. Aprendi bastante com ambos e com os seus estilos musicais diferentes, um com canções Napolitanas, Tarantelas, árias de ópera etc... Já o Coro Ibeu tinha como marca o estilo negro spiritual, canções da MPB e composições como o Aleluia de Haendel.

 Estas passagens foram como uma verdadeira escola musical em minha carreira, pois somaram bastante com os seus estilos distintos e até hoje preservo grandes amizades deste memorável tempo em que fiz parte destes excepcionais corais.

 

 Utilizar do tempo sempre objetivando o caminho da perfeição por meio da qualificação obtida na prática dos estudos é e sempre será a receita para o sucesso duradouro?

 Acredito que sim, pois realmente aconteceu comigo. Aprendi literalmente na prática e me considero um autodidata. Meu primeiro coral foi em uma Igreja Católica e ao longo dos anos, através dos inúmeros corais com seus estilos diferentes, fui absorvendo ensinamentos e técnicas de canto que auxiliaram no meu desenvolvimento vocal.

 Mas cada um é cada um e não descarto nenhuma forma de ensino, tanto o teórico quanto o prático. Se puder conciliar um e outro será melhor ainda, mas acho que cada um deve escolher o caminho que lhe seja mais prazeroso, pois acredito que a receita para um sucesso duradouro está em fazer o que gosta e como gosta.

 

 O ano de 2009 lhe proporcionou um momento importante? E quais foram os bons frutos colhidos nessa tomada de decisão?

 Com toda a certeza foi um ano marcante em minha vida, pois a amizade com a Soprano Cristiane Migon se fortaleceu. Já a conhecia desde 2006, mas a parceria profissional criou vínculos neste ano de 2009. A soprano, que futuramente se tornaria minha noiva, estava se formando em bacharelado em canto lírico pela UFRJ, a qual eu participava de um coral da universidade. Começamos no mesmo ano a ensaiar juntos um futuro projeto musical, em homenagem aos cantores da Era de Ouro do Rádio, intitulado e patenteado com o nome de “Recorda Brasil”.

 Em meio aos ensaios do projeto, fui fazer um teste com mais de 5.000 inscritos para o quadro Imitadores, onde fui imitar o professor Cauby Peixoto. Acabei sendo selecionado e fiquei entre os 16 participantes que iriam cantar no quadro Imitadores no programa Domingão do Faustão da TV Globo. As portas literalmente se abriram após a minha participação neste programa, de grande audiência em âmbito nacional. Várias oportunidades surgiram para que pudéssemos mostrar a nossa arte.

 

 Posso acreditar ser o momento em que você narrará a seguir como a consolidação premiativa diante seu amor e dedicação pela arte?

 Sim, é verdade. Fomos conhecer Cauby Peixoto em São Paulo em 2010 e pedir o seu aval para a minha imitação. Particularmente não gosto desta palavra. Prefiro ao invés de imitação, a palavra homenagem, pois Cauby para mim é um artista completo e inimitável.

 Tento em nossa humildade e simplicidade chegarmos a 1% próximo de sua vastíssima obra. Encontrá-lo foi realmente um dia mágico e inesquecível, pois já nos bastidores, no final de seu show (Cauby canta Robertos Carlos) no Sesc Pinheiros em SP, ao lado de sua querida e simpática empresária Nancy, ele me concedeu o seu aval e gravou um depoimento que está no site do Youtube, onde me apontava como o seu melhor imitador e que poderia assinar qualquer contrato referente a esta homenagem.

 A surpresa não acabava por aí, pois ambos convidaram a mim e Cristiane para que o assistisse onde ele se apresentava no Bar Brahma. Chegado o momento do show, ele no alto de sua classe e simplicidade, nos pergunta se está cantando bem e nos convida para que cantemos com ele no palco!

 Não sei como não desmaiei (risos), pois esta homenagem eu prestava ainda na adolescência para minha saudosa tia Gioconda, onde me vestia com roupas de brilho dos meus familiares e cantava com todo prazer nas festas para alegrar minha tia, que já tinha uma idade avançada e não escondia de ninguém o amor dela pelo artista.

 Ela o acompanhava desde a época dos programas de auditório da Rádio Nacional, onde as fãs nesta época tinham o apelido de “macacas de auditório”. Quando eu o imitava para a minha tia, não passava nem de longe por minha cabeça, que esta homenagem ganharia tamanha proporção.

 Saímos do Bar Brahma muito emocionados e felizes. A simpatia e o carinho em que fomos tratados por este artista e por sua empresária nos comoveram. Confesso que fiquei extasiado com o brilho do professor, que é único.

 

 E que os relatos acima representaram e continuam representando para você?

 Posteriormente a este encontro tive participações em diversos programas de rádio (Tupi, Globo, Nacional, Manchete), matérias em jornais (Globo, Extra, Jornal do Brasil), e na TV. Em relação aos programas de televisão destaco: Encontro com Fátima Bernardes, TV Xuxa, Máquina da Fama do SBT e Tudo pela Audiência no canal Multishow.

 Entretanto, o convite mais importante para mim, sem desmerecer os demais, foi participar do documentário do diretor de cinema Nelson Hoineff, intitulado “Cauby- começaria tudo outra vez” da Comalt Produções, onde apareço como Cover do Artista em cenas gravadas na Confeitaria Colombo e no Teatro Rival Petrobrás, ambos localizados no Centro do Rio de Janeiro.

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Atualmente estou ao lado de minha noiva Cristiane Migon, que também participa do documentário e interpreta a cantora Angela Maria. Estamos divulgando este documentário que está sendo exibido nos cinemas das principais capitais do Brasil. Além disso, estamos fazendo vários shows quinzenais, no Alzira Park Hotel, em São Lourenço (MG) em homenagem aos nossos ídolos musicais Cauby e Angela.

 Além disso, participo juntamente com o grupo teatral Diversão como o personagem Cauby Peixoto da peça “Para sempre”, uma homenagem à apresentadora Hebe Camargo em cartaz nos Sescs do Rio de Janeiro. Atualmente estamos ensaiando uma peça teatral em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro, com previsão de estreia para o final desse ano, nos teatros do Sesc.

 Como locutor, inicialmente, gravei alguns comerciais para a rádio comercial de Madureira e apresentei o programa Bom Dia Saara na Rádio Saara. Posteriormente, surgiu o convite da Rádio Sarca para que eu apresentasse o programa Show do Paulo Martan, de segunda à sexta das 10h00 às 13h00. Sou formado em Locução pela Escola de Rádio e possuo o DRT na área, mas não desejo parar por aqui e almejo vôos mais altos e por isso estou me preparando em um pré-vestibular para ingressar em uma faculdade a fim de estudar Jornalismo ou Radialismo.

 Desejo, futuramente, me tornar locutor em uma grande rádio e somar as profissões de cantor e locutor, afinal a vida é uma arte e um eterno aprendizado. Um fraterno abraço nos leitores e fiquem na doce paz!

 

 

 

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