03/09/2016 às 21h53min - Atualizada em 03/09/2016 às 21h53min

Allan Rubens

Modelo

Thiago Santos

 Quem é o ser humano Allan Rubens?

 O ser humano Allan Rubens, é antes de tudo, um garoto que cresceu rápido demais, um menino sonhador e inconsequente quando desafiado a seguir seus sonhos. Movido pelo desejo de mudar o mundo, mesmo que seja apenas o mundo de algumas pessoas, ele acredita que se cada um que se alegrou em receber um abraço, abraçar mais dez pessoas durante o dia e assim sucessivamente cada um fizer da mesma forma, em pouco tempo todos irão poder dizer: eu ajudei a mudar o mundo. Acima de tudo, um sonhador.

 

 Allan?

 Acredito que a arte não seja uma profissão comum, daquelas que escolhemos sabe, que fazemos teste vocacional ou por ser melhor em determinada matéria do colégio nos identificamos. Você não escolhe a arte, a arte escolhe você e posso afirmar com certeza que esse pedido não é algo que se possa recusar. No meu caso, a sensação de levar moda, beleza e conceito às pessoas é a mais gratificante das recompensas, poder vestir e mostrar ao mundo a criação de alguém, a visão de pessoas que estudaram para compartilhar suas ideias criando roupas e acessórios, ser modelo pra mim é vestir os sonhos de alguém e mostra-los ao mundo, ou seja, uma responsabilidade muito grande.

 

 Nunca pensou em ser modelo?

 Na verdade não, a princípio começou por acaso, como uma brincadeira. Eu estava no começo do meu curso de T.I. e ganhei um book profissional em um sorteio no salão de cabeleireiro que frequentava, fui fazer as fotos apenas por satisfação pessoal, não tinha noção alguma de poses, expressões ou como me portar frente a uma câmera, fui muito bem dirigido pela profissional que gostou muito do resultado e encaminhou as fotos para agências de modelo que ela conhecia, assim nasceu a paixão pela profissão.

 

 Quais sentimentos lhe vieram ao ver seu primeiro book?

 Fiquei feliz ao ver o resultado, era uma parte de mim que ainda não conhecia, sempre fui inseguro quanto a minha aparência, não possuía autoestima suficiente para creditar que aquilo poderia se tornar minha profissão um dia. Mesmo com o book em mãos e a promessa de me tornar modelo no futuro, continuei a não acreditar que fosse possível, e isso faz toda a diferença, é engraçado como tudo aconteceu quando comecei a acreditar.

 

 Como se deu conta de que a qualificação provinda de cursos seriam mais do que necessárias em prol de sua carreira?

 A partir do momento em que vi pessoas serias depositando sua confiança em mim, profissionais qualificados e equipes enormes incluindo maquiadores, cabeleireiros, designers, estilistas, fotógrafos, auxiliares e clientes trabalhando juntos para fazer o trabalho da melhor maneira possível, senti a responsabilidade de ter um conhecimento técnico a altura. O trabalho de todos eles poderia ser em vão se eu não atendesse suas expectativas, então procurei profissionais da área e creio que essa decisão foi o grande divisor de aguas ente “Brincar de ser modelo” e “Ser modelo”. Após isso me senti muito mais seguro e confiante para trabalhar com todo tipo job no ramo da moda.

 

 Aos 20 anos de idade um momento desagradável envolto de sua carreira ocorreu?

 Sim, precisei interromper minha carreira depois de sofrer assedio em uma agencia em Recife, a pessoa responsável pela agência havia me contratado para fazer fotos na cidade, disse que as fotos seriam externas e ao nascer do sol, por isso precisaria dormir na agencia onde se encontravam outros modelos e no dia seguinte sairíamos todos muito cedo para a locação. Porem essa história não passava de uma grande mentira, ao chegar a noite, essa mesma pessoa exigiu ter relações não profissionais comigo e ao recusar a exigência fui expulso da agencia as 2:30 da madrugada, sem conhecer ninguém e sem dinheiro, voltei ao aeroporto onde extremamente cansado acabei dormindo no banheiro aguardando meu voo no dia seguinte. O medo de que isso voltasse a acontecer me afastou da profissão por dois anos.

 

 O que você pode falar para os profissionais do ramo que um dia se tornem alvos de tal barbárie?

 Esse tipo de situação não é algo incomum de acontecer, tanto para homens quanto para mulheres, sempre acompanhados de propostas tentadoras, os assédios são constantes. É um tipo de “atalho” que lhe oferecem para crescer com rapidez na carreira, mas a que preço? Vender sua dignidade e seus valores sabendo que não irá conquistar seus objetivos através de seu trabalho e talento, mas sim de forma desonesta e desrespeitosa. Faço ainda um pedido aos pais que encaminham seus filhos e filhas a esse mercado, que tomem cuidado e acompanhem de perto a carreira deles. Graças a minha educação e dignidade sempre soube driblar esse tipo de situação, mas um jovem sem apoio da família se torna um alvo fácil para esse tipo de crime.

 

 Mas a paixão pela arte do modelar, imperou?

 Dois anos depois do ocorrido, estava fazendo compras em um shopping de São Paulo quando um scoulter de uma grande agencia me encontrou e fez o convite para fazer um teste na mesma. Naquele momento notei o que havia dito antes, a arte escolhe o artista e não o contrário, por mais que eu tentasse fugir a paixão pela arte me trazia de volta e eu não conseguia recusar seu chamado. Tudo aconteceu muito rápido e com o trauma superado consegui dar continuidade ao sonho.

 

 Decidiu alçar vôos maiores?

 Com o convite de iniciar uma carreira internacional, decidi sim alçar voos maiores, adquirir experiência, conhecer novas pessoas, culturas diferentes e formas de trabalho especificas de cada região, isso me faria crescer tanto profissional quanto pessoalmente. Infelizmente o Brasil não valoriza de forma justa os modelos, a grande maioria parte para outros países em busca de trabalho e remuneração mais justa.

 

 Recentemente esteve na Índia?

 Estive na Índia a algumas semanas atrás, um país incrível de contraste econômico e social gritante, onde o mais importante para as pessoas é cuidar e preparar o espirito para a vida após a morte. Um povo extremamente religioso e devoto de suas crenças. Sobre o mercado da moda, não é tão diferente do Brasil, menos pelo fato de ter uma frequência de trabalho bem maior.

 

 Como se sente sendo hoje um modelo internacional?

 Me sinto muito mais maduro, porque diferentemente do que se imagina, essa carreira internacional é muito difícil, você passa por momentos de estresse, sente falta da família e amigos, trabalha de 10 a 12 horas por dia, muitas vezes não se alimenta corretamente e tudo isso em busca de uma realização profissional. Me sinto mais responsável e comprometido com o trabalho, me sinto mais presente nas relações familiares, me sinto mais fiel com meus amigos e acima de tudo, me sinto mais confiante em minhas capacidades, depois de sobreviver a essas privações em nome da arte, você acaba percebendo que é capaz de fazer qualquer coisa, basta querer de verdade.

 

 Para finalizar, se importa em expressar palavras que se tornem sinônimo de inspiração para o amigo leitor que também deseja viver em prol da arte? E também uma frase que seja capaz de descrever o que você sente por fazer algo que muito ama?

 Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de compartilhar com vocês um pouco da minha arte. Todos que desejam viver dessa arte precisam ter em mente que é uma profissão como as outras e que carece da mesma dedicação, estudo e amor pelo que faz. È extremamente gratificante pegar uma revista, catalogo ou campanha e ver sua foto estampada, um comercial de tv, desfiles e programas de televisão. Ter a oportunidade de conhecer países que se não fosse devido a profissão você nunca visitaria.

 “O modelo é um ator sem texto, cada roupa é um personagem” – NamieWihby

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